E não nos deixeis cair em tentação

Pe. David Francisquini (*)

Estou convicto de que a maior prova arrostada pelos fiéis de hoje consiste na crise religiosa e no seu corolário, a crise de fé. Como enfrentá-las e vencê-las com resignação e confiança próprias de um verdadeiro filho de Deus e da Igreja? Como o sacerdote católico concorre para ajudar a alma provada restituindo-lhe a paz interior?

Levando em conta a ação ordinária dos demônios sobre os homens, em razão do profundo ódio que aqueles tributam às criaturas que deverão ocupar os seus lugares na corte celestial, lançam eles mão de todos os meios para conduzir os homens ao inferno. Tal ação consiste em seduzi-los através de fatos ou realidades, agindo sobre os cinco sentidos externos.

O demônio age também nos sentidos internos, de modo especial na memória e na imaginação, a fim de mover o livre arbítrio do homem ao pecado. Pinta a tentação com cores vivas, influi sobre a psicologia humana, desencadeia paixões para debilitar a vontade e fazer com que ela dê assentimento ao pecado.

Amparados pela graça e na medida em que haja resistência contra as atrações sedutoras do demônio, o homem pode não apenas vencer as tentações, mas tirar proveito delas para aumentar seus méritos e conquistar depois a bem-aventurança eterna. Jesus nos ensinou a ser vigilantes e rezar para não cairmos em tentação: “E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém”.

O demônio exerce ainda outras ações extraordinárias como a infestação, a vexação, a obsessão e a possessão. Tais ações são comuns nos dias atuais e se fazem presentes nos ambientes, nas pessoas, nos sentidos do homem, chegando mesmo o maligno a possuir o próprio corpo humano.

Tal poder é concedido por Deus ao demônio para castigo dos pecados do homem. Muitas vezes o diabo recebe permissão de Deus para atingir a saúde e os bens materiais da pessoa tentada, como aconteceu com Jó, que saiu mais purificado do embate com o príncipe das trevas, nunca perdendo a confiança em Deus.

Cabe ressaltar que tal ação diabólica não é milagrosa, porque milagre só Deus pode fazer, diretamente ou através de um santo ou de sua Mãe Santíssima. As ações extraordinárias provocadas pelos espíritos infernais podem ser afastadas muitas vezes pela oração, pela recitação do terço, pelo uso de água benta e de medalhas, como a Medalha de Nossa Senhora das Graças (foto) e de São Bento. Quando se tratar de possessão, é necessário recorrer ao exorcismo da Igreja feito por um sacerdote autorizado.

Existe atualmente uma difusa, mas intensa apologia do vício. Para os seguidores de satanás, os vícios não são senão “virtudes”. Segundo tal critério, o homem que pratica o vício procede de acordo com a sua própria natureza. No entanto, isto é o contrário do ensinamento da Igreja Católica. A mentalidade satanista conduz o homem ao sexo desenfreado, à profanação do sagrado, à uma virulenta oposição ao Evangelho, à Igreja e à sua Liturgia.

Como epílogo, cabe lembrar o que diz a Sagrada Escritura sobre o demônio, após o pecado de nossos primeiros pais: “Porei inimizades entre ti e a Mulher, e entre a tua descendência e a descendência d’Ela. Ela te esmagará a cabeça e tu armarás traições ao Seu calcanhar” (Gen. III, 15). Confiemos na Mãe de Deus e nossa, e sairemos ilesos desta batalha sobre a qual nos alertam São Pedro e São Paulo em suas epístolas.
(*) Sacerdote da igreja do Imaculado Coração de Maria – Cardoso Moreira (RJ)

Um comentário para "E não nos deixeis cair em tentação"

  1. Anonymous   5 de novembro de 2008 at 10:19

    Realmente a crise da fé é uma realidade cruel de nossos dias. Parabéns ao Pe. David Francisquini pelo excelente artigo “Não nos deixeis cair em tentação”. Outrora nossos bravos Vandeanos lutaram contra os revolucionarios franceses, hoje É PRECISO QUE HAJA VANDEANOS DA FÉ, e que façam tremular ao vento da epopéia a bandeira do Imaculado Coração de Maria.
    Respeitosamente,
    Euclydes Jorge Addeu