Socialismo francês entre Aladim e Ali Babá

Partido SocialistaAladim encontrou no fundo de uma caverna a lâmpada encantada, da qual saía um poderoso e dócil gênio que em tudo o servia. Julgou assim poder assenhorear-se do mundo.

Os socialistas históricos também julgaram encontrar no obscuro fundo do marxismo a lâmpada mágica cujo gênio lhes asseguraria o poder mundial. “Karl Marx — alardeavam desde meados do século XIX — traça o futuro da humanidade”.

Desde 1848, quando Marx lançou seu “Manifesto”, o socialismo conseguiu eleger apenas dois presidentes na França. O mais recente deles, François Hollande, acaba de pregar o último prego no caixão do partido. Durante seu governo, o Partido Socialista encheu-se de rugas e berrugas. Nas rugas se veem as múltiplas disputas internas próprias à falta de rumo. E nas berrugas, excrescências ideológicas renegando a linha do partido.

Hollande não tinha força para fazer as necessárias purgas. De um lado, os oportunistas, apegados ao mando, dizendo-se moderados, propunham concessões ao empresariado a fim de melhorar as finanças. De outro, os socialistas integristas consideravam o empresariado como inimigo a abater. Hollande aumentava impostos e caía a produção. Criava empregos, mas não tinha como pagá-los. E da lâmpada encantada nenhum gênio saía.

François Hollande se esfumaçou. Não teve coragem de se apresentar como candidato à reeleição. A derrota do Partido Socialista foi a maior já sofrida em sua história: obteve 7,4 % dos votos, perdendo mais de 260 deputados. A ajuda pública aos partidos é proporcional ao número de deputados. Consequentemente, haverá uma ruína financeira da agremiação socialista.

Aladim e sua lâmpada vão sendo abandonados. Nas reuniões do PS francês já se fala em deixar sua sede, um palacete dispendioso na Rua Solferino. Espera-se pelo menos que, a fim de obter fundos, uma vez apagada a lâmpada de Aladim, o PS não tome os rumos do socialismo de Lula e do PT em sua opção preferencial por Ali Babá.

Um comentário para "Socialismo francês entre Aladim e Ali Babá"

  1. Celso da Costa Carvalho Vidigal   20 de junho de 2017 at 7:55

    Sei que o vulgo atribui a Ali Baba a chefia dos ladrões. Mas, no conto, Ali Baba não é o chefe dos ladrões. Apodera-se do tesouro escondido por aqueles que, descobrindo quem levou o tesouro, tentam recuperá-lo matando Ali Baba. Porém, depois de muitas peripécias, todos os ladrões são mortos.
    Dentro desse esquema, parece-me que os socialistas seriam os ladrões, Hollande, seu chefe, e Macron, que carregou o “butin”, Ali Baba.