Acolhidos como refugiados e provenientes sobretudo de países de religião muçulmana, grupos organizaram ataques sexuais na Alemanha na noite de 31 de dezembro último. Casos análogos ocorreram em outros países europeus.
Segundo testemunhas, “homens de origem árabe” avançavam sobre mulheres em grupos coordenados e praticavam atos libidinosos, inclusive estupros. Somente na cidade de Colônia, até meados de janeiro último, cerca de 500 vítimas registraram queixas-crime. Um dos relatos descreve os ataques como um “taharrush gamea” — que em árabe significa assédio sexual em multidões — e os compara aos ocorridos na Praça Tahir, no Cairo, durante as revoltas no Egito anos atrás.
Alguns movimentos responsabilizaram o governo alemão, afirmando que o vandalismo na virada do ano é resultado da avalanche produzida pelos mais de 1,1 milhão de imigrantes que entraram pelas fronteiras da Alemanha só no ano passado. Eles estão tirando proveito da política “portas abertas” adotada pela chanceler Angela Merkel, que vem sendo duramente criticada por permitir a indiscriminada onda imigratória no país e atuado junto a seus pares da União Europeia a também abrirem “generosamente” suas fronteiras.
Cabe a pergunta: as guerras e as convulsões que estão na origem do êxodo maciço para a Europa não seriam concebidas com vistas exatamente a provocá-lo? Sobre esse êxodo e sua ampliação, Gideon Machman, redator-chefe da seção internacional do “Financial Times” (13-1-16), chegou a afirmar que o êxodo “é inelutável e levará ao fim da civilização europeia”, ou seja, à sua deterioração e tão ansiada dominação por muçulmanos que não toleram a civilização cristã.
Essas e outras questões são abordadas nesta entrevista, concedida por Mathias von Gersdorff ao colaborador de Catolicismo Paulo Roberto Campos. Von Gersdorff é presidente da Sociedade Alemã de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP). Estudou Economia nas Universidades de Heidelberg e Bonn (Alemanha), graduando-se nesta última em 1989. Trabalhou depois no mundo financeiro europeu. Desde 1990 atua no movimento Pro-Life e é colaborador assíduo da campanha SOS LEBEN (SOS VIDA), uma iniciativa da Deutsche Vereinigung für eine Christliche Kultur – DVCK (Associação Alemã por uma Civilização Cristã). Dirige a campanha Kinder im Gefahr (Crianças em Perigo), da DVCK, desde sua fundação em 1993. Escreveu diversos livros sobre meios de comunicação social e direito à vida, entre os quais figuram Satanismus, Horror und Gewaltverherrlichung in den Medien (Satanismo, terror e violência nos meios de comunicação social) e Was ist Horror? (O que é Terror?). Sua última obra, Begegnung mit Plinio Corrêa de Oliveira – Katholischer Streiter in stuermischer Zeit (Encontro com Plinio Corrêa de Oliveira – Paladino católico em uma época tempestuosa) — lançado em Frankfurt no ano passado — recebeu encômios de diversas autoridades, inclusive do Cardeal Raymond Burke. Von Gersdorff é também jornalista e conferencista, colaborando em diversas publicações e pronunciando palestras sobre temas relacionados com Revolução Cultural, e à questão islâmica na Europa.
* * *
Catolicismo — A imprensa brasileira concedeu pouca divulgação aos distúrbios provocados pelos muçulmanos contra mulheres na Alemanha — uma espécie de “arrastão sexual” — na noite da comemoração do Ano Novo, sobretudo na cidade de Colônia. E a mídia europeia em geral demorou alguns dias para divulgar os fatos. Qual sua opinião sobre tal demora?
Mathias von Gersdorff — Na Alemanha, há vários meses que o tema da imigração domina completamente a discussão pública e a cobertura informativa. Escrevo há muitos anos sobre temas de mídia e não me lembro de um que tenha sido tão onipresente durante tanto tempo quanto o da imigração. Vê-se que para os alemães se trata de um assunto existencial com muitos desdobramentos. A opinião pública está se polarizando cada vez mais e com isso o debate público tornou-se mais irritadiço, diretamente agressivo. Existe uma desconfiança generalizada nas elites políticas e midiáticas.
O caso de Colônia ocorreu neste quadro e por isso teve o impacto de um tsunami. Foi um verdadeiro terremoto. Contribuiu para isso o fato de a polícia da cidade ter manifestado muita incompetência ao enfrentar as violências e as agressões, que tiveram início no último dia do ano, por volta das 18:30hs, ou seja, muito cedo.
Como se isso não bastasse, a política de comunicação não poderia ter sido pior: em 1o de janeiro foi emitido um comunicado de imprensa afirmando que tudo esteve tranquilo e em ordem. Absurdo, pois, como hoje se sabe, já na noite de 31 de dezembro a polícia — que estava no perímetro em frente da estação central de Colônia — solicitou mais ajuda, que lhe foi negada.
À medida que aumentavam as denúncias de mulheres molestadas pelos muçulmanos, tornava-se cada vez mais claro que a passagem de ano foi um verdadeiro caos. Somente no dia 4 de janeiro os jornais — tão pressurosos em publicar as novidades — começaram a noticiar os fatos. Depois disso, a polícia passou a fornecer relatórios mais detalhados. Pois bem, todo esse conjunto de eventos provocou uma verdadeira cólera na população, mudando substancialmente a partir de então o clima político e social na Alemanha. Nunca constatei uma polarização tão profunda.
Catolicismo — O senhor crê que a agressão sexual conjunta a mulheres no último réveillon foi algo espontâneo, ou previamente organizado?
Mathias von Gersdorff — Para mim, foi organizado, pois só em Colônia os praticantes desses atos infames chegavam a mais de mil. É difícil imaginar que não tenha havido certo grau de organização prévia. Além disso, as agressões não se circunscreveram a Colônia, mas abrangeram outras grandes cidades alemãs como Frankfurt, Stuttgart e Hamburgo, além de Helsinki, na Finlândia. Mas o maior número de agressões teve lugar em Colônia, onde já foram apresentadas à polícia cerca de 500 denúncias!
Catolicismo — Qual foi a atitude das autoridades de modo geral em face dessas centenas de violências, inclusive abusos sexuais?
Mathias von Gersdorff — A polícia mostrou-se completamente incapaz de enfrentar a situação, pois a partir das 18 horas esse grupo — na sua maioria muçulmanos do norte da África ou do mundo árabe — começou a lançar petardos e foguetes contra a famosa catedral de Colônia, perturbando assim a celebração da Missa de Ano Novo.
Catolicismo — Que tipo de reação a essas graves agressões ocasionou na opinião pública germânica e no movimento feminista?
Mathias von Gersdorff — A cólera foi tão grande, que praticamente todos os partidos, inclusive a esquerda poscomunista, estão pedindo medidas de segurança mais severas. O secretário-geral da Democracia Cristã chegou até a exigir a expulsão de mil refugiados por dia!
O movimento feminista assumiu uma posição defensiva, pois defende uma ideia completamente “ingênua” da sociedade multicultural. Suas líderes procuraram relativizar as agressões, argumentando que não tinham nenhuma relação com a descomunal maré de imigração que se vem verificando na Alemanha nos últimos 12 meses. Convém observar que o feminismo no país está dividido a respeito do tema Islã. Enquanto um setor majoritário nega que o Islã propriamente dito tenha algo a ver com esses acontecimentos, outro setor, também de esquerda, o afirma. Desse segundo feminismo participam numerosas mulheres do mundo islâmico. Uma das mais conhecidas é Nekla Kelek, que ao longo dos anos vem chamando a atenção sobre a crescente radicalização islâmica. De origem turca, em seu livro Die verkaufte Bratu (A noiva vendida) ela descreve a rápida islamização que ocorre na Turquia.
Catolicismo — É possível que os imigrantes muçulmanos passem a cometer ataques ainda mais violentos no território alemão? E como se imagina que seriam tais agressões?
Mathias von Gersdorff — Esse é o parecer até da Agência de Inteligência. Esta agência governamental afirma que a situação de segurança na Alemanha é muito mais grave do que em setembro de 2001, por ocasião do atentado às “Torres Gêmeas” de Nova York. Em abono do que afirma a Agência de Inteligência, acrescento algumas observações:
No próprio dia 31 de dezembro último houve uma ameaça de bomba na estação central de Munique, obrigando todos os trens a se desviarem. Tarefa nada fácil, pois pela referida estação passam todos os comboios provenientes do sul ou do sudeste da Europa com destino ao norte ou ao ocidente.
Hoje foi cancelada a marcha de carnaval em Wesel, uma das cidades mais carnavalescas da Alemanha.
A presença da polícia nas ruas aumentou muito, devendo seu efetivo ser ampliado pelo recrutamento de novos policiais.
Conversando ontem com uma senhora, ela se manifestou contente porque uma de suas filhas foi trabalhar por alguns meses no México! Imaginem. Pode ser que ela não esteja informada sobre a guerra contra a droga nesse país. Mas, em todo caso, é sintomático que alguém na Alemanha julgue que no México se está mais seguro do que em solo pátrio…
Catolicismo — A Alemanha, assim como os demais países da União Europeia, estão preparados para enfrentar essas e outras ofensivas dos fundamentalistas islâmicos?
Mathias von Gersdorff — Se o desejassem, poderiam estar preparados. Mas eles devem decidir enfrentar seriamente essa ameaça. E é nesse ponto que reside a dificuldade, pois o Ocidente encontra-se numa profunda crise de identidade. Basta pensar na grotesca Ideologia de Gênero, que está penetrando nos colégios, nas universidades, nos partidos políticos, no Estado. Quem se atreve a defender a ideia de que existem somente homens e mulheres, e não um sem-número de “orientações sexuais”, tem dificuldade para se defender contra tal barbarismo. Para seus defensores, essas agressões são simplesmente sintomas de decadência que confere a seus autores o direito, a autoridade moral para perpetrar assédios e atentados terroristas. Mas, voltando à sua pergunta, creio que se a Europa de fato quiser, ela poderá reagir contra tal ameaça.
Catolicismo — Em sua opinião, quais seriam as principais razões para a presente migração maciça de muçulmanos para a Europa?
Mathias von Gersdorff — O mundo islâmico está afundando na guerra e no caos. Derruba-se um governo após outro. A ordem social se desfaz. A economia deixa de funcionar. Para muitos o melhor é emigrar. Estes encontram na Europa países que lhes dão asilo, apoios econômicos consideráveis e, sobretudo, segurança.
Catolicismo — Como está sendo vista pela opinião pública a política da chanceler Angela Merkel de abrir livre e generosamente as fronteiras alemãs para essa imigração?
Mathias von Gersdorff — A chanceler encontra-se num verdadeiro aperto. Desde setembro de 2015 — mês em cujo início ela abriu as fronteiras para 40 mil refugiados que se encontravam na Hungria — Merkel vem repetindo que a Alemanha é capaz de enfrentar esse desafio. Mas até o seu partido está mudando de atitude e apoiando-a cada vez menos nessa política. No dia 13 de março haverá eleições regionais importantes que mostrarão o nível desse apoio na opinião pública.
Para se formar uma ideia do ambiente na Alemanha neste momento, menciono alguns “fatinhos” (como se diz no Brasil): três juízes constitucionais, dois dos quais muito famosos (Hans Jürgen Papier, antigo presidente da Corte Suprema e Udo Di Fabio) afirmam que a política de Angela Merkel é inconstitucional; em vários estados as pessoas estão se armando e formando milícias; um prefeito encaminhou os refugiados de sua cidade para a chancelaria em Berlim; os bispos, cuja opinião é de que se deve receber todo mundo, estão cada vez mais calados; Sarah Wagenknecht, uma comunista, está utilizando uma retórica de ultradireita.
“Fatinhos” análogos poderiam ser contados durante horas. Isso não significa que a esquerda multicultural não procure desviar a discussão. Mas atualmente ela está numa posição bastante defensiva.
Catolicismo — Sendo a religião, a cultura e os costumes dos povos islâmicos tão diferentes daqueles vigentes nos povos europeus, o senhor crê que os imigrantes se adaptariam ao modo de vida da civilização ocidental e cristã?
Mathias von Gersdorff — Se o senhor levanta o tema da religião, a única resposta é sim, possível é. Com efeito, a Igreja Católica converteu os romanos, os bárbaros, as tribos na América etc. Onde intervém a graça através da Igreja Católica, tudo é possível. Mas onde essa graça não está presente, nada é possível… Nosso ponto de referência absoluto nesta situação de crise existencial deve ser Nossa Senhora, que prometeu em Fátima a vitória final de seu Imaculado Coração sobre os inimigos da Igreja. É absolutamente necessário ter essa visão sobrenatural das coisas no momento presente, pois, do contrário, se cai no desespero ou se buscam vias malucas como confiar que personagens como Vladimir Putin possam nos salvar.
Evidentemente esas guerras en los países musulmanes fueron provocadas precísamente para tener un pretexto para invadir Europa.
La prueba es la complicidad de todos los gobiernos europeos, títeres de los promotores del Nuevo Orden Mundial. El entusiasmo del Rotario Bergoglio por las invasiones no deja ninguna duda que se trata del plan de la Revolución para destruir la la Civilización Cristiana.
Pingback: Semper Fidelis » Arquivo do Blog » Desfile militar em Lourdes