Bios contra Mamon

  • Marcos Luiz Garcia

O coronavírus está mudando a fisionomia do mundo. Mais precisamente, as medidas preventivas estão mudando completamente a situação mundial. Será razoável? Será proporcional?

As autoridades divergem em suas avaliações. Só uma coisa é sólida: o empobrecimento acentuado dos países.

Antigamente, o zelo do clero e a fé dos fiéis se traduziam em tais ocasiões em cerimônias nas quais orações acompanhadas de ardentes e ininterruptos pedidos de misericórdia subiam ao Céu até obter de Deus a cessação da epidemia, da catástrofe, da guerra.

Hoje, não. As igrejas estão fechadas, inclusive não ocorreram as cerimônias de Semana Santa com os fieis. Por quê?

Porque não se acredita mais que dessas celebrações se obtêm os grandes auxílios sobrenaturais. Até fontes de milagres como Lourdes foram fechadas!

Acompanhe-me, por favor, no seguinte raciocínio.

Após as transformações operadas pelo Concílio Vaticano II acentuou-se no mundo moderno a ideia de que o mais importante na vida é ter saúde e dinheiro.

Mesmo dentro das igrejas, o maior empenho era pela vida, simplesmente, não pela vida humana que é espiritual, mas pela vida humana no que ela tem de “animal”. “Somos pela vida” era o que mais se ouvia.

Além disso, a sociedade em geral sobrevalorizou a um grau extremo a ideia de que, além da saúde, o importante era ganhar dinheiro e, consequentemente, de que as pessoas, com ou sem vocação, deveriam cobiçar um diploma universitário, em detrimento de outras profissões dignas e indispensáveis à sociedade.

Dr. Plinio Corrêa de Oliveira disse inúmeras vezes que a sociedade estava ficando de tal maneira paganizada, que Deus já não lhe dizia quase nada. Mas que a saúde e o dinheiro diziam tudo. Esse duplo interesse ele o comparou aos dois deuses da mitologia pagã: Bios (o deus da vida, da saúde) e Mamon (o deus do dinheiro).

Esses falsos deuses imperaram até há pouco.

O Sínodo da Amazônia, conforme afirmado por Dom Claudio Hummes, estava preparando uma Igreja com nova fisionomia, não só para a Amazônia, mas para o mundo inteiro. Seria a igreja dos pobres, ela mesma pobre e miserável.

Eis palavras de Dom Hummes na catacumba de Santa Domitila, por ocasião de uma renovação do Pacto das Catacumbas, realizado durante o Sínodo da Amazônia: “Todas as grandes maldades do mundo são por causa do dinheiro; é a corrupção, é o roubo, guerras, conflitos, são mentiras. Tudo para juntar dinheiro, para ganhar dinheiro às custas de qualquer coisa. O dinheiro é o grande inimigo de Jesus, pois você não pode servir a Deus e ao dinheiro.”

Estranha coincidência o fato de todas as medidas preventivas globais contra o Covid-19 serem de molde a empobrecer sensivelmente os povos não comunistas…

Mas como fazer para que uma população mundial ávida de dinheiro e de prazer se resigne a abrir mão de seu dinheiro, dinheirão ou dinheirinho?

A estratégia foi jogar o deus Bios contra o deus Mamon, ou seja, a saúde contra o dinheiro, pois viver é ainda mais forte do que possuir. É preferível empobrecer a morrer.

Se este raciocínio for verdadeiro, não estranharia que as esquerdas tentassem de tudo para aproveitar essa tragédia para empurrar a população mundial rumo a uma pobreza cubana, venezuelana ou chinesa.

Verdade ou não, o certo é que aos olhos dos devotos de Nossa Senhora de Fátima se trata do descumprimento total dos desejos manifestados por Ela em sua Mensagem, ou seja, que os homens fizessem penitência e se convertessem de seus pecados. O que estamos vendo é a degringolada moral pasmosa que atingiu toda a humanidade.

Hoje estamos com todas as igrejas fechadas, inclusive a própria basílica de São Pedro, no Vaticano, fechadas. O clero católico se curvou diante de Bios e mostrou que sua fé é fraca, se é que ainda existe. Porque outrora seus membros iam para junto dos enfermos para atendê-los e confortá-los na hora extrema. E muitos morriam por se exporem heroicamente à contaminação pelo bem das almas.

Como não poderia deixar de ser, Nosso Senhor Jesus Cristo está suscitando clérigos heroicos, com fé ardente e inabalável, capazes de não se vergarem diante de Bios nem de Mamon, nem do Covid-19, mas de cumprir heroicamente sua missão de preencher os tronos do Céu com almas santas.

Embora minoritários, crescem a cada dia. Rezemos a Nossa Senhora de Fátima por eles. E peçamos acima de tudo a Ela que não permita a extinção da Santa Missa e dos demais sacramentos da única Igreja verdadeira e faça vir o quanto antes o triunfo do seu Imaculado Coração.