“Não há amor maior do que dar a vida pelos seus amigos” (Jo 15, 13)

Thomas Vander Woude
  • Plinio Maria Solimeo

O mais profundo vínculo criado por Deus entre duas pessoas é o do amor de mãe pelo fruto de suas entranhas. De onde o dito  popular: “Amor, só de mãe”. Assim, pela boca do profeta Isaías, pergunta o Criador: “Haverá mãe que possa esquecer seu bebê que ainda mama, e não ter compaixão do filho que gerou?” (49, 15).

Isso que até há pouco parecia impossível, não o era na prática. Infelizmente, com a apavorante decadência moral e dos costumes que grassa em nossos dias, temoso absurdo de muitas mães que assassinam friamente o fruto de seu ventre com o aborto.

         Por outro lado, esse vínculo entre mãe e filho estende-se também ao amor dos pais por sua prole, que em alguns casos pode chegar a quase superar o amor materno.

Temos um exemplo disso num heroico pai que deu sua vida para salvar um filho incapacitado que corria grave risco de perdê-la.

Católico fervoroso

         Thomas Vander Woude, o pai em questão, nasceu na Dakota do Sul em 1942. Ingressou na Marinha e depois serviu seu país como piloto durante 17 anos. Veterano da Guerra do Vietnã, casou-se em 1946 com Mary Ellen e tiveram sete filhos. Em 2002, após 26 anos como piloto comercial, aposentou-se e começou a atuar como diretor de atletismo no Cristendom College, de Front Royal, cujo lema é “Um autêntico colégio católico que o prepara para o futuro”. Lá ficou até 2007. Finalmente, comprou uma fazenda na Virgínia, passando a dedicar-se à família e à propriedade.

         De Missa e Comunhão diárias, o Sr. Thomas fazia também uma hora de Adoração ao Santíssimo Sacramento por semana. Muito abnegado, escolheu o horário das 2 às 3 da manhã, por ser o mais difícil de ser preenchido. Apóstolo do Rosário e muito devoto de São José, ele rezava com a família.

         Daniel, seu filho, comenta: “Quando outros perguntavam qual o segredo do sucesso na criação católica de sua família, ele apontava para o Rosário. Pois, definitivamente, ele era um grande devoto de Nossa Senhora.” E acrescenta: “Essas foram as coisas que vimos diante de nós do nosso pai. Nessa cultura atual, que vende muita coisa, eu tinha um pai de joelhos que me mostrava como ser um homem de Deus.”

         Essa a devoção à Mãe de Deus levou Thomas a organizar na sua fazenda, por duas décadas, no último domingo de maio, uma celebração na qual fazia uma procissão mariana, seguida de um piquenique, o que atraía centenas de familiares, amigos e conhecidos.

         Thomas Woude amava seus sete filhos com profundo amor, e se sacrificava por eles. Contudo, o filho mais novo, José, a quem carinhosamente chamavam de Zezinho, tinha um lugar especial no coração do pai e de toda a família, por ter nascido com síndrome de Down.

         Um dia Thomas confidenciou a um amigo: “Sabe, não quero que nenhum dos meninos vá embora. Eu adoraria tê-los perto de mim toda minha vida.”

         Apesar de ser um verdadeiro atleta e, portanto, um homem muito viril, o Sr. Woude fazia todos os dias uma longa caminhada e incentivava os filhos a o imitarem, ocasião em que procurava se adaptar em tudo às necessidades do pequeno José, para que se desenvolvesse bem espiritual e fisicamente.

         Um pequeno, mas tocante exemplo: Por causa de sua doença, quando nasceu, o menino tinha muita dificuldade em se movimentar, e mesmo de engatinhar. Para ensiná-lo, o amoroso pai começou então a passar várias horas por dia engatinhando ao lado do filho, para que este o imitasse. Fez isso até Zezinho conseguir não só engatinhar, mas a começar a ficar de pé.

A tragédia

         Mesmo quando crescido, devido às suas limitações, Zezinho ficava sempre ao lado dos pais. E quando Thomas trabalhava na fazenda, ele costumava acompanhá-lo para estar junto dele.

         Certo dia  o Sr. Thomas acordou cedo para ir à Missa diária, a qual era, juntamente com o Rosário, o sustentáculo de sua vida. Depois foi trabalhar na fazenda, e Zezinho o seguiu. Enquanto o pai se distraía com seu trabalho, Zezinho se entretinha a seu modo.

De repente o Sr. Woude ouviu estalido alarmante, como de algo que se quebra violentamente. Era a tampa de cimento da cisterna séptica que se rompia, levando consigo o rapaz.

         Angustiado,o pai não teve dúvidas em mergulhar na cisterna, para segurar o filho a fim de mantê-lo de pé para poder respirar.

         Com o barulho, a Sra. Woude acorreu e viu seu filho mal se sustentando na cisterna. Ligou imediatamente para o nº 911 e clamou a Deus que os ajudasse, enquanto segurava Zezinho até que conseguiram tirá-lo da cisterna.

Enquanto isso, o pior sucedeu: devido à exaustão e aos gazes tóxicos da cisterna, o marido perdeu a consciência e caiu abaixo do nível do esgoto.

         Quando os paramédicos chegaram, nada puderam fazer, pois ele já tinha expirado.

         Evidentemente o falecimento de Thomas Woude chocou muito não só toda a família, mas seus inúmeros amigos e conhecidos. O filho Daniel, no entanto, afirma que, apesar disso, houve muitas bênçãos. Um conforto para eles era saber que o pai, tão dedicado ao Rosário, morreu na festa da Natividade da Bem-Aventurada Virgem Maria e foi sepultado na festa de Nossa Senhora das Dores.

O modo como o Sr. Woude morreu foi “verdadeiramente santo” e “a coroa de toda uma vida de doação”, disse o Bispo de Arlington, D. Paulo Estevão Loverde, na missa em seu funeral, conforme publicou o The Washington Post. “Que possamos encontrar em sua vida inspiração e força”, concluiu o Purpurado.

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Fontes:

https://www.ncregister.com/blog/ames-tom-vander-woude-sacrificial-love?utm_campaign=NCR&utm_medium=email&_hsmi=299717776&_hsenc=p2ANqtz-8j7PD_cKpRIxLwr_B2pkOmLPIxd1PxaAmDXj_CVWMVKejRqsolf28CuKZA2PRYDoiCit_KIWRcEqaKmwI5xYGNya2N4A&utm_content=299717776&utm_source=hs_email

https://www.ncregister.com/news/7-sons-lay-hero-dad-to-rest