
- Paulo Henrique Américo de Araújo
- Fonte: Revista Catolicismo, Nº 878, Fevereiro/2023
Causou escândalo e indignação a todos os católicos verdadeiros deste nosso Brasil, a comunhão dada a um xeque muçulmano, durante uma missa em Londrina (PR), no último mês de agosto [foto acima]. O vídeo com a cena do bispo local, D. Geremias Steinmetz, entregando a hóstia nas mãos do maometano, correu as redes sociais. O evento aconteceu durante as exéquias de D. Geraldo Magela, que foi primaz e arcebispo de Salvador da Bahia1.
Com certeza Nossa Senhora terá se entristecido com isso. E pus-me a seguinte pergunta: por que Deus não intervém imediatamente para impedir esses horríveis sacrilégios? A verdade é que Deus pode não agir diretamente em todas as ocasiões. Seja por misericórdia, seja por castigo, Ele pode reservar para mais tarde suas ações. Falarei mais adiante dessas “demoras” divinas. Antes dou um exemplo de intervenção imediata de Deus diante da profanação do Santíssimo Sacramento.
Era o ano de 1384, na pequena cidade de Seefeld, no Tirol austríaco. O cavaleiro Oswald Milser ouvia a missa da Festa da Anunciação, dia 25 de março, que por coincidência naquele ano caía na Quinta-feira Santa, data em que se comemora a instituição da Sagrada Eucaristia2.

Milser era conhecido na região por seus crimes, tais como aprisionar viajantes, extorquindo deles dinheiro para recuperarem a liberdade. Aqueles sem recursos eram abandonados no seu cárcere até a morte.
Naquele dia de festa, o infame cavaleiro se dirigiu à mesa da comunhão e exigiu que o padre lhe desse a hóstia. Além disso, declarou que permaneceria de pé para comungar. A todos da assistência parecia evidente que o homem não estava com boas disposições para receber o Corpo de Cristo, e muito menos para fazer tais exigências. Entretanto, o padre não ousou desafiá-lo e depositou-lhe a Sagrada Hóstia na boca.
Imediatamente, Milser sentiu o chão ceder embaixo de seus pés como se fosse areia movediça. O ímpio já afundava até a altura dos joelhos quando, aflito, pôs a mão no altar, buscando apoio. Mas sua mão não encontrou nada mais do que uma superfície que derretia como se fosse manteiga sob a ação de uma lâmina quente!
Desesperado, o criminoso apelou a Deus por socorro. Humilhando-se e implorando, fez sinal para que o padre lhe retirasse da boca a Eucaristia. Assim que o sacerdote tomou a hóstia nas mãos, o cavaleiro conseguiu sustentar os pés no chão, que se tornara firme novamente. Muitos observaram que as Sagradas Espécies, retiradas da boca do cavaleiro, tinham ficado vermelhas e deitavam gotas de sangue!
Profundamente arrependido e humilhado por essa clara lição vinda do Céu, Oswald Milser entrou para um mosteiro, onde fez durante dois anos severa penitência pelos seus pecados, morrendo ele logo depois.

As notícias do milagre se difundiram rapidamente pelo reino. Para guardar a hóstia milagrosa, o nobre Parzifal von Weineck doou um belo ostensório, que até hoje se encontra na pequena igreja de Seefeld. O local se transformou em um dos santuários mais visitados da Áustria. O imperador Maximiliano I peregrinava para lá com frequência e o arquiduque Fernando II mandou construir uma capela especial para abrigar as relíquias.
Até hoje se conservam as marcas deixadas pelo cavaleiro Milser no chão e no altar, quando tentou receber a comunhão. Quase 700 anos de um milagre impresso em pedra para qualquer visitante ver com os próprios olhos. Ali, contudo, uma nova peça de altar, de inspiração progressista, foi montada por cima do antigo. É necessário esforço para identificar, entre o velho altar e a nova placa de concreto, as marcas dos dedos do cavaleiro, ainda nítidas. Tive a impressão de que alguém, talvez por má vontade, quis deliberadamente esconder os sinais do prodígio. No piso, vê-se uma grade colocada no lugar onde o chão cedeu sob os pés do pecador.
Dia virá da manifestação da santa ira de Deus

Quantas diferenças entre esse memorável milagre e as circunstâncias ligadas a ele, e o triste evento ocorrido recentemente em Londrina! Aqui, o xeque islâmico não obrigou o sacerdote a entregar-lhe a hóstia. Não precisou declarar que comungaria de pé, pois agora a prática é corriqueira e quase obrigatória. O bispo, de bom grado, deu-lhe a comunhão, mesmo sabendo da indignidade daquele que a recebia.

E como castigo para este nosso mundo cheio de impiedade, Deus não interveio com um prodígio para impedir o sacrilégio. Não se passou qualquer acontecimento extraordinário. O chão não cedeu debaixo do homem. Daquela santa partícula profanada não fluiu sangue…

Aliás, o indigno comungante fingiu colocar a hóstia na boca, mas a levou consigo para fazer com ela sabe-se lá o que! Fico na dúvida de qual das duas atitudes é a pior: um muçulmano infiel comungar ou o fato de ele levar a hóstia, o que constitui uma profanação a mais. Ou pior ainda, o fato de o bispo ter dado a comunhão ao infiel!
A Diocese de Londrina emitiu lacônica nota de esclarecimento — que não esclarece nada — sobre o ocorrido. Nela não há sequer uma palavra de repúdio, nem mesmo qualquer reprovação pelo fato de o xeque ter levado consigo a hóstia.
Estará Deus acumulando para Si a consideração de tantos pecados para um dia descarregar toda sua santa ira? Haverá algum equívoco ao conjecturarmos que um dia todas essas comunhões sacrílegas e tantos outros inúmeros pecados serão punidos com tremendos castigos? O homem contemporâneo não prepara a própria ruína, o abismo que se lhe abrirá sob seus pés?
Quanto a nós, fiéis católicos, devemos sobretudo oferecer atos de reparação a Nosso Senhor por tantos sacrilégios e indiferenças ao Santíssimo Sacramento. Na hora em que vier o castigo, como Nossa Senhora previu em Fátima, Ela protegerá todos os que lamentaram essas profanações, indignaram-se e fizeram reparação.
____________
Notas: