Conforme tradição estabelecida pela revista Catolicismo, a matéria de capa de suas edições de janeiro oferece aos leitores um balanço geral do ano findo.
Não foi fácil apresentar uma síntese dos principais acontecimentos, indicando pontos salientes, em meio ao agravamento do caos que vem sendo produzido em escala universal pelo processo revolucionário multissecular.
Entretanto, nesse ambiente crepuscular sobressaiu a ameaça islâmica que se intensificou mediante sangrentos atentados ocorridos especialmente na Europa e nos Estados Unidos.
Nesse crepúsculo de civilização podem ainda ser mencionadas as guerras civis que abalam países no Oriente Médio, como o Iraque e a Síria.
A mencionada matéria de capa aponta também outro perigo crescente para a civilização ex-cristã do Ocidente: as imigrações maciças e indiscriminadas de refugiados de países orientais e africanos, especialmente para a Europa. De repente, sem que estejam suficientemente esclarecidas as causas, surgem essas verdadeiras invasões.
Essa multitudinária invasão lembra um transcendental fato histórico ocorrido no século VI: a debacle do Império Romano do Ocidente diante da invasão dos povos bárbaros que transpuseram as barreiras naturais daquele império, marcadamente oferecidas pelos rios Danúbio e Reno.
As massas de imigrantes atuais percorrem a pé estradas da Macedônia, da Sérvia e da Eslovênia ou lotam trens para atingir a Áustria e se estabelecer particularmente na Alemanha, França e Inglaterra.
Os novos invasores procuram também chegar à Itália e à Espanha atravessando o Mediterrâneo — o Mare Nostrum dos romanos — amontoados em precárias embarcações.
Em consequência dessa catástrofe, vários países da União Europeia estão erguendo barreiras, frequentemente violadas.
Outro fator de conflito e confusão que recrudesceu durante o ano foi denominado por órgãos de imprensa europeus a algo semelhante a uma “guerra civil” na Igreja Católica.
O Relatório Final do Sínodo Ordinário de outubro último, encaminhado ao Papa, não tem valor magisterial nem disciplinar, e foi qualificado pelo historiador italiano, Roberto de Mattei, como um “documento ambíguo e contraditório”.
No plano temporal, merece menção o minguamento de regimes esquerdistas da América Latina. O visível enfraquecimento do PT e do governo federal no Brasil, o revés do candidato bolivariano na Argentina, e a acachapante derrota do governo de Maduro nas últimas eleições que renovaram o Congresso na Venezuela são sintomas dignos de nota nesse sentido.
A matéria conclui com trecho de lucidez profética, extraído de artigo de Plinio Corrêa de Oliveira para Catolicismo em 1952.
Assim, recomendo a leitura dessa edição de janeiro da revista Catolicismo. Ela apresenta uma visão retrospectiva de 2015 de real utilidade para os leitores em meio à confusão que caracteriza a nossa época.
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(*) Paulo Corrêa de Brito Filho é diretor da Revista Catolicismo