Desvendando os perigos do Sínodo sobre a Sinodalidade

Conferência no Club Homs, em São Paulo (Fotos: Paulo Américo e Luiz Cerqueira)
  • Rodrigo da Costa Dias

O Instituto Plinio Corrêa de Oliveira realizou no dia 19 de outubro, no salão nobre do Club Homs, na Avenida Paulista, uma conferência a respeito do Sínodo sobre a Sinodalidade, que se desenrolou no Vaticano do dia 4 a 29 de outubro. Este tem deixado muitos católicos perplexos, pois procura minar a Igreja Católica, tanto em sua hierarquia quanto em sua doutrina moral. Para responder a muitas das questões que têm surgido entre os fiéis, o Instituto convidou Dom Athanasius Schneider, bispo auxiliar de Astana, no Cazaquistão.

Esse prelado de renome internacional por suas posições claras e firmes em defesa da Igreja, apresentou alguns pontos importantes do Sínodo sobre a Sinodalidade, que está previsto voltar a se reunir em outubro de 2024. O público acompanhou com atenção cada detalhe da exposição.

Dom Schneider mostrou que muitas das propostas apresentadas no Instrumentum Laboris do Sínodo prejudicam a hierarquia da Igreja, pretendendo fazer com que os bispos fiquem dependentes de órgãos consultivos não hierárquicos.

Até mesmo a autoridade pontifícia é afetada. O Sínodo sugere que as decisões pastorais das igrejas locais deveriam comprometer o Papa, e que as instituições locais em diferentes regiões poderiam adotar abordagens diferentes das dele. Dom Schneider citou diversos documentos da Igreja contrários a essas sugestões. E mostrou que a autoridade do Sumo Pontífice está sujeita à palavra de Deus, afirmando que por ser Servus servorum Dei, o Papa não deve tomar decisões arbitrárias, mas ser o porta-voz de Deus, intérprete da tradição da Igreja.

Dom Schneider citou diversas outras propostas polêmicas apresentadas nesse sínodo. Entre elas a dos facilitadores que acompanharão as comunidades em todos os níveis da vida da igreja, os quais seriam uma nova categoria de “fiscais”. Comentou ainda sobre a participação das mulheres no governo da Igreja, a ordenação delas, bem como a aceitação de divorciados “recasados” na recepção dos sacramentos.

No instrumento de trabalho do Sínodo o movimento LGBT e a ideologia de gênero são promovidos, o que é contrário ao que a Igreja sempre ensinou, de que os princípios do respeito e da não discriminação não podem ser invocados para apoiar as uniões homossexuais.

Dom Athanasius citou documentos e afirmações do magistério da Igreja mostrando que todas essas propostas apresentadas pelo documento de trabalho do Sínodo contrariam a doutrina católica.

Ao final, o conferencista lembrou que o Instrumentum Laboris da assembleia sinodal promove as mesmas ideias heterodoxas do Caminho Sinodal Alemão, com os mesmos temas e metas opostos ao magistério tradicional da Igreja.

Ele terminou a primeira parte de sua conferência afirmando: “Nós não cremos na igreja sinodal, e não vamos dar a vida pela igreja sinodal. Nós cremos na Igreja Católica e vamos, com a graça de Deus, dar a vida por ela”. Seguiu-se um caloroso a aplauso.

Após tratar sobre o Sínodo da Sinodalidade, Dom Athanasius Schneider fez uma breve apresentação do seu recente livro A Missa Católica, traduzido para o portuguêse lançado em Brasília no dia 17 de outubro num evento organizado pelo Instituto Plinio Corrêa de Oliveira. Tanto essa conferência de Brasília quanto a de São Paulo podem ser assistidas no canal do Instituto no YouTube: www.youtube.com/@Canal-IPCO

Coube ao Prof. José Antonio Ureta, coautor do livro O processo sinodal, uma caixa de pandora: 100 perguntas e 100 respostas, proferir as considerações finais do evento. Ele a firmou que Dom Athanasius fez uma síntese magistral a respeito do conteúdo e dos perigos do Sínodo.

Encerrou suas palavras adaptando ao nosso caso a profética Declaração de Resistência de Plinio Corrêa de Oliveira à Ostpolitik do Vaticano:

“O vínculo da obediência ao Sucessor de Pedro, que jamais romperemos, que amamos com o mais profundo de nossa alma, ao qual tributamos o melhor de nosso amor, esse vínculo nós o osculamos no momento mesmo quando, triturados pela dor, afirmamos a nossa posição. E de joelhos, fitando com veneração a figura de S.S. o Papa Francisco, nós lhe manifestamos toda a nossa fidelidade.

“Neste ato filial, dizemos ao Pastor dos Pastores: Nossa alma é Vossa, nossa vida é Vossa. Mandai-nos o que quiserdes. Só não nos mandeis que cruzemos os braços diante do atual processo sinodal que procura refundar a Igreja e pregar um falso evangelho. A isto nossa consciência se opõe”.