Ideologia do gênero inspira os manuais escolares franceses. Opinião católica reage.

Atilio Faoro

O Ministério da Educação da França introduzirá, a partir de setembro de 2011, nas aulas dos cursos secundários de ciências naturais, a chamada teoria do gênero que nega a diferença biológica entre os sexos masculino e feminino.

No capítulo intitulado “Tornar-se homem ou mulher?” o programa do Ministério menciona explicitamente essa teoria contrária ao ensinamento católico e ao direito natural, pois considera que a identidade masculina e feminina é uma orientação. Os manuais escolares que começam a chegar nos estabelecimentos escolares já a incluem como matéria curricular.

As reações da opinião católica foram imediatas. O secretariado do ensino católico da França, através de seu porta-voz Claude Berruer, enviou no dia 27 de maio uma carta de alerta a todos os responsáveis diocesanos sobre o perigo desta teoria “que se difunde no nosso meio”. Segundo Claude Berruer, “ou se nasce mulher ou homem, ninguém é um ser indiferente sexualmente no seu nascimento”.

Em Avinhão, importante cidade do Sul da França, Thierry Aillet, diretor diocesano do Ensino Católico, declarou que é “seu dever convocar uma verdadeira resistência contra esta vontade perversa do Ministério da Educação de impor aos nossos alunos o ensino de uma teoria antimoral e de fazer tábula rasa da moral natural”. De sua parte, a Associação das Famílias Católicas enviaram uma carta aberta ao Ministro de Educação Luc Chatel e organizam uma petição de protesto.

O que é a ideologia do gênero? Por que ela é contrária à doutrina católica e ao direito natural?

A teoria do gênero é uma ideologia baseada na doutrina marxista da luta de classes. No caso, seria uma luta entre o homem e a mulher, uma luta entre os sexos masculino e feminino. Assim, abre-se o caminho para livrar a sociedade das normas heterossexuais e para a aceitação das condutas homossexuais.

Segundo esta ideologia, é preciso “desconstruir” tudo o que pode lembrar as normas de uma sociedade fundada sobre a diferença sexual: não falar mais do papel do pai, da mãe, do casamento e da filiação resultante de relações biológicas.

A “família social” seria privilegiada em função da família biológica. Em certos países, como a Espanha, fala-se em “progenitor 1” e de “progenitor 2”. No Canadá, o Código Civil retirou as palavras “pai” e “mãe” e as substituiu pela estranha e confusa noção de “fornecedor de forças genéticas”.