
Para sanar os danos provocados pelo comunismo, o Zimbábue apela para a volta dos fazendeiros brancos
- Plinio Maria Solimeo
O comunismo é intrinsecamente mau. Condenado por vários Papas, ele é antinatural, demolidor da família e da propriedade privada, levando à miséria o país no qual se implanta. Foi o que sucedeu, por exemplo, na antiga Rodésia, hoje Zimbábue (Sul da África Central), que está necessitando recorrer aos seus antigos agricultores brancos para se refazer da miséria deixada pelo regime dos sem-Deus.

No início da década de setenta do século passado, a Rodésia, no sul da África, era conhecida como a “joia ou celeiro da África”, exatamente por sua prosperidade e abundante produção, que era exportada para outros países. Hoje, o país enfrenta uma crise econômica sem precedentes, com boa parte de sua população tendo que recorrer à ajuda externa para sua subsistência diária.
O que concorreu para que o Zimbábue chegasse a tal situação? Muito simples: o governo do ditador comunista Roberto Mugabe.
Naquela época áurea dos anos 70, a Rodésia era governada por uma minoria branca de 278 mil habitantes (4,3% da população), a maioria dos quais se dedicava à agricultura. Simplificando, embargos econômicos imposto pela ONU e países ocidentais obrigando os dirigentes brancos a marcar eleições gerais para que mais negros ocupassem o governo, foi levando de concessões a concessões, culminando em uma brutal guerra civil com os revolucionários favorecidos e armados por países estrangeiros, principalmente pela União Soviética e seus satélites, o que fez com que em 1980 o poder passasse para as mãos dos rebeldes comunistas negros, que começaram a governar de acordo com sua ideologia.
Ocorreu também que os guerrilheiros revolucionários, para obrigar os colonos brancos a deixarem o país, começaram a matá-los, pois diziam que para cada cidadão branco morto, vinte deixavam a Rodésia por medo de ter igual sorte. Por outro lado, os brancos começaram também a temer viver sob um governo marxista e pelo futuro de seus filhos, incapazes de conseguir emprego nessa situação. O que provocou um verdadeiro êxodo da população branca, com um décimo dela emigrando.

Seguindo sua política marxista, Mugabe deu ênfase, no início de 2000, à redistribuição das terras controladas pelos brancos. Mas, frustrado porque essa distribuição era lenta, começou a encorajar os negros a tomar violentamente a propriedade dos antigos fazendeiros, afirmando cinicamente que esses ataques eram “espontâneos”.
Ora, essas invasões tiveram um impacto severamente negativo na agricultura do país. Por exemplo, no ano 2000 o Zimbábue produzia mais de dois milhões de toneladas de milho. Em 2008 ficou reduzido a apenas 450 mil.
Isso levou a Human Rigths Watch a afirmar, em outubro de 2003, que metade da população do país não tinha alimentos necessários à sua subsistência e necessitava de ajuda do Exterior. Do ponto de vista econômico a situação não era melhor: o Zimbábue teve a mais alta taxa de inflação do mundo, de 7600%.
Tudo isso somado, em 2017 os membros do partido único de Mugabe deram um golpe de Estado, tiraram-no do poder e o substituíram pelo antigo vice-presidente, Emmerson Mnangagwa .
Com o novo governo, ocorreu o inesperado. O site Breizh-info publicou um ilustrativo artigo sobre o assunto com o seguinte título: “Zimbábue: o tímido retorno dos fazendeiros brancos para salvar o país da fome”.

O articulista comenta que Emmerson Mnangagwa, de ideologia pragmática, “negociou o retorno dos fazendeiros brancos para reanimar a economia do país, e propôs um plano de compensação de 3 bilhões de euros, assinado em 2020. […]Infelizmente, diante a incapacidade do Estado zimbabuano de pagar o plano de indenização, a comunidade internacional, nomeadamente europeia (principalmente britânica) foi posta para contribuir!”
O articulista afirma que a negociação da SAAI (Suider-Afrika Agri Inisiatief), organização representativa dos agricultores brancos que ousaram retornar, é feita diretamente com o único partido no poder desde a chamada “libertação” — o ZANU-PF de Robert Mugabe, do qual Emmerson Mnangagwa é hoje o campeão —, e não com o governo do Zimbábue.
Um dado pouco conhecido é que, “no início dos anos 1960, havia 5% de brancos no Zimbábue; hoje eles são entre 0,2 e 0,3% da população, mas constituem a principal força econômica e agrícola”.
A SSAI, “como representante de 500 agricultores familiares brancos que cultivavam ou ainda cultivam no Zimbábue, começou em janeiro a aumentar a pressão sobre o governo do Zimbábue para acelerar a implementação do plano, com o governo sul-africano desempenhando o papel de intermediário.
“Além disso, a questão dos títulos de propriedade permanece em aberto: durante o grande terror nascido da calamitosa reforma agrária mugabista dos anos 2000, o ZANU-PF propôs que todas as empresas do país fossem de propriedade de pelo menos 51% de zimbabuanos negros. Isso fez os investidores pensarem um pouco… Hoje, porém, os fazendeiros brancos não têm mais títulos de propriedade e seus descendentes, estabelecidos em todo o mundo, às vezes não são encontráveis. Além disso, o ZANU-PF propõe compensar os agricultores expropriados graças a um pagamento em… títulos do Estado que só podem ser descontados em 14 anos! Se o estado do Zimbábue não estiver completamente falido até lá!
“Diante de tal situação, os agricultores brancos estão, portanto, em plena reflexão sobre se retornarão ou não ao controle da economia agrícola do Zimbábue. Mas o tempo está se esgotando: hoje a idade média dos ‘rodesianos’, os fazendeiros brancos do Zimbábue, é de… 86 anos”.
Parece que no Zimbabwe se realizou à letra o provérbio francês: “Chassez le naturel, il revient au galop” (caçai o natural, ele volta a galope). Quer dizer, “implantai um regime antinatural (ou seja, comunista), e inevitavelmente o natural voltará com força.
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Fontes:
https://www.breizh-info.com/2023/03/15/216780/zimbabwe-le-timide-retour-des-fermiers-blancs-pour-sauver-le-pays-de-la-famine/