O que os Santos dizem sobre pureza, humildade, e controle da língua

Santa Maria Goretti é venerada como símbolo da pureza. Também conhecida como a “doce mártir da pureza” por sua coragem em defender a castidade mesmo ameaçada de morte. Dela, esta é a única foto conhecida, tirada em 1902 [detalhe abaixo].

Plinio Maria Solimeo

O maior ornamento que uma mulher pode ter é o de uma pureza ilibada, tanto enquanto solteira como casada. Pois o pudor feminino atrai até mesmo o olhar dos anjos. O que se pode aplicar também aos homens.

O conhecidíssimo Santo Cura d’Ars dizia a esse respeito em um sermão: “Uma alma pura é como uma fina pérola. Enquanto está escondida na concha no fundo do mar, ninguém pensa em admira-la. Mas se a trazeis à luz do sol, essa pérola brilhará e atrairá todos os olhares. Assim, a alma pura que está escondida aos olhos do mundo, um dia brilhará diante dos Anjos no brilho da eternidade”. Fazendo outra comparação ele diz: “A alma pura é uma bela rosa, e as Três Pessoas Divinas descem do Céu para inalar sua fragrância”.

Por sua vez São João Bosco, fundador dos Salesianos, acrescenta: “A Santa Pureza, a rainha das virtudes, a angélica virtude, é uma joia tão preciosa que, quem a possui, torna-se como os anjos de Deus no Céu, mesmo revestido da carne mortal”.

Para São Francisco de Sales, o mestre da vida espiritual, também “A castidade é o lírio das virtudes, e torna os homens quase iguais aos Anjos. Tudo se torna belo de acordo com sua pureza. Assim, a pureza do homem [ou da mulher] é castidade, que é chamada honestidade; e sua observância honra e também integridade. O contrário dela é chamado corrupção. Em uma palavra, a castidade tem essa excelência peculiar sobre todas as outras virtudes: preserva tanto a alma quanto o corpo sãos e sem mancha”.

O pudor, tanto no homem quanto na mulher — mas sobretudo nesta —,tem que se refletir em todo seu semblante, em todos seus atos, em toda sua aparência, e principalmente no seu modo de se portar e até de se vestir. O que muitas vezes supõe um grande sacrifício.

Porque, como dizem muitos santos com São Pedro Julião Eymard, fundador dos Sacramentinos: “Nós temos que ser puros. E não falo meramente da pureza dos sentidos. Temos que observar a pureza em nossa vontade, em nossas intenções, em todas nossas ações”.

O que é corroborado pelo grande Doutor da Igreja e fundador dos Redentoristas, Santo Afonso Maria de Liguori: “Temos que praticar a modéstia não somente em nosso olhar, mas também em todos nossos atos, e particularmente em nossa vestimenta, em nosso caminhar, em nossa conversação e ações similares”.

Essa obrigação de nos vestirmos segundo a modéstia cristã se impõe, como diz São Jerônimo: “Ou falamos como nos vestimos, ou nos vestimos como falamos. [de outro modo, se nos vestimos indecorosamente, por exemplo] A língua fala de castidade, mas todo o corpo revela impureza”.

O fato de nos vestirmos com decoro se torna extremamente penoso nos dias de libertinagem quase total em que vivemos. Pois a moda, essa tirana que quer a todo propósito nos subjugar, está cada vez mais ousadamente caminhando para o nudismo. Basta mencionar as roupas propositadamente rasgadas e os micro-shorts com que andam muitas das mulheres de hoje, independente de idade, não tendo o pejo de ir assim indecorosamente vestidas mesmo à Santa Missa.

         Já Santa Jacinta de Fátima, favorecida por Nossa Senhora com visões proféticas apesar de sua jovem idade — morreu com 11 anos apenas —, alertou que “os pecados que levam mais almas para o inferno são os pecados da carne. Hão de vir umas modas que hão de ofender muito a Nosso Senhor. As pessoas que servem a Deus não devem andar com a moda. A Igreja não tem modas. Nosso Senhor é sempre o mesmo”.

         Ora, citando outra vez Santo Agostinho, “a luxúria consentida se torna hábito, e hábito não resistido se torna necessidade”. Quer dizer, seguir as modas inconscientemente forma um hábito que se torna necessidade. E essa necessidade muitas vezes se torna como uma droga. que pode levar aos piores excessos.

         Por isso aconselha o grande Santo Inácio de Loyola: “Que a tua modéstia seja um incentivo suficiente, sim, uma exortação para que todos fiquem em paz só de olharem para ti”.

         Isso é muito importante. Porque as mulheres que se vestem de modo indecoroso e andam pelas ruas pavoneando-se, são responsáveis por todos os pecados de mau pensamento e de maus desejos que cometem os homens que as veem. E deverão pagar por isso no inferno ou, quando muito, no Purgatório.

         Sobre como ser pura comenta a mesma Santa Jacinta de Fátima: “Ser pura de corpo é guardar a castidade

[segundo o estado de vida]

. E ser pura de alma é não cometer pecados, não olhar o que não se deve ver, não roubar, não mentir nunca, dizer sempre a verdade ainda que custe”.

         Isso nos leva a outra ordem de considerações. Santa Jacinta diz que ser pura de alma é não cometer pecados. Ora, um dos pecados mais comuns entre as mulheres e que é muito pouco combatido, é a murmuração sobre a vida alheia; enquanto que entre os homens, é o vício das conversas imorais.

 Sobre isso diz o Santo Cura d’Ars: “O homem de fala impura é uma pessoa cujos lábios são apenas uma abertura e um cano que o inferno usa para vomitar suas impurezas sobre a terra.”

         A consequência disso, como afirmou São Clemente de Alexandria — escritor, teólogo e apologista cristão grego que viveu entre os séculos II e III: “Conversa impura faz-nos sentir confortáveis com ações impuras. Mas aquele que sabe controlar a língua está preparado para resistir aos ataques da luxúria”.

         Esse controle da língua exige muito esforço. São Tiago Apostolo, em sua epístola (3, 7) comenta: “Todo gênero de feras é domável e tem sido domado pela força humana. Mas a língua nenhum homem é capaz de domá-la”. “Vede como um pequeno fogo pode incendiar uma floresta! Assim também a língua é fogo, é um mundo de iniquidade”. (3, 5b) E, “Se alguém não peca por palavra, é varão perfeito” (Id 2).

         A necessidade de controlar nossas palavras é muito importante, pois Nosso Senhor Jesus Cristo já nos alertou: “Eu vos digo que de toda palavra ociosa que os homens falarem terão que dar conta no dia do juízo. Pois, por tuas palavras serás justificado, ou por tuas palavras serás condenado” (Mt 12, 36,37).

         O Real Profeta dizia num de seus Salmos: “Quem poderá Senhor, entrar no teu Santuário? […] aquele que não usa sua língua com maledicência, que nenhum mal faz a seu semelhante, nem lança calúnias ou afrontas contra seu companheiro” (Sl 15, 3).

         Para isso é necessário que se tenha muita humildade, que se seja puro e humilde de coração. Pois, como diz São Francisco de Sales: A humildade é a salvaguarda da castidade. Em matéria de pureza, não há perigo maior do que não temer o perigo. Quanto a mim, quando encontro um homem seguro de si e sem medo, considero-o perdido. Alarmo-me menos com aquele que é tentado e resiste evitando as ocasiões, do que com aquele que não é tentado e não se preocupa em evitar as ocasiões. Quando uma pessoa se coloca numa situação de tentação, dizendo: ‘Não cairei’, é um sinal quase infalível de que cairá, e com grande prejuízo para a sua alma.”

Isso supõe que a pessoa esteja em estado de graça, pois este estado, segundo São Pedro Julião Eymard, “nada mais é do que pureza, e concede o céu àqueles que se revestem dela. A santidade, portanto, é simplesmente o estado de graça purificado, iluminado, embelezado pela pureza mais perfeita, isento não só do pecado mortal, mas também das menores faltas; a pureza fará dos homens santos! Tudo reside nisso!”

Essa é a graça que devemos pedir Àquela que foi sempre Imaculada e mansa e humilde de coração: que nos dê uma profunda humildade junto a uma exímia pureza de coração, de corpo e de alma.