- Plinio Corrêa de Oliveira
Na sua expressão mais exata, esse anjo arcabuzeiro assemelha-se a um gentil-homem segundo o estilo dos guerreiros em partes dos séculos XVII e XVIII, sobretudo na época de Luís XIV.
Esse anjo aparece como um guerreiro vestido com muito donaire, mas que deixa transparecer a sua natureza angélica e qualquer coisa de luminoso que há dentro dele. Sua leveza provoca a impressão de que a ação da gravidade não pesa sobre ele, e que, quando marcha, vai de um lugar para outro com o passo tão leve como o de um passarinho andando no chão entre dois voos.
Não se tem a impressão de que o arcabuz esteja pesando para ele. Está olhando para longe a fim de atirar, mas sem que precise forçar a vista.
Ele está numa atitude muito aguerrida, entretanto não dá a ideia de que o adversário esteja oferecendo um obstáculo válido. Ele é perfeitamente um anjo que não encontra obstáculos diante de si porque o adversário já está liquidado, jogado no chão. É um anjo do triunfo, que destrói quem ele desejar.
Mais ainda. É um anjo que tem rei. E esse rei é Deus. Ele está na presença de Deus. Isto faz com que não seja um anjo diretamente orante, nem musicante — como são os lindos anjos de Fra Angélico.
Ele pertence ao número daqueles anjos lutadores que brilham na presença do Senhor Deus dos Exércitos, cuja luta eles sabem que é uma música aos ouvidos do Deus de Todas as Vinganças.
Eles travam uma luta sem ódio, mas, com uma decisão única, executam os decretos de Deus.
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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 23 de fevereiro de 1982. Esta transcrição não passou pela revisão do autor. Fonte: Revista Catolicismo, Nº 885, setembro/2024.