Fato miraculoso ocorrido em nossos dias com São Charbel Macklouf

Plinio Maria Solimeo

Apesar de nosso mundo tão paganizado não ser digno de presenciar os grandes milagres que ocorriam com abundância na Cristandade nos tempos de fé, uma exceção foi feita a São Charbel Maklouf, cuja vida foi um prodígio constante, e seus milagres não cessaram  após sua morte, e continuam, como veremos, até nossos dias.

         Esse santo libanês nascido no ano de 1828 em Anaya, nas montanhas do Líbano,  desde pequeno era tão dedicado às coisas divinas, que adquiriu fama de santidade ainda em vida. E viria a se tornar um dos maiores taumaturgos da História da Igreja. Ele faleceu na véspera de Natal do ano de 1898.

Localidade onde nasceu o santo

         Santo para ser admirado, e dificilmente para ser imitado, suas penitências eram de espantar. Uma das quais era o suportar, sem ter roupa especial a não ser seu pobre hábito religioso, o terrível frio no rigoroso inverno nas montanhas do Líbano.

         Como diz erudito bispo maronita nosso contemporâneo, apesar disso o Pe. Charbel se considerava o homem mais feliz do mundo:  “O padre Charbel, mal vestido mas com vestes limpas, mal alimentado, mas com boa saúde, exposto sem defesa ao frio e ao calor, privado de qualquer conforto e qualquer ternura humana era, entretanto, o homem mais feliz do mundo, pois o Senhor tornara-se sua verdade, sua força, sua riqueza, sua alegria e a razão de sua vida[i].

Por isso, contrariamente à moderna Teologia da Libertação e a nova missiologia que prega a luta de classes, afirmava: “A pobreza favorece a salvação. A frugalidade fortalece a alma. Quero viver nas privações, ignorando os prazeres e as doçuras deste mundo. Quero ser o servidor de Cristo e de meus irmãos[ii].

Fama de santidade em vida

Como dissemos, esse Santo singular, mesmo depois de sua morte, não cessou de fazer milagres. É o que afirmou o Papa Pio XII no seu processo de beatificação: “O Pe. Charbel já gozava em vida, sem o querer, da honra de o chamarem santo, pois a sua existência era verdadeiramente santificada por sacrifícios, jejuns e abstinências. Foi vida digna de ser chamada cristã e, portanto, santa. Agora, após a sua morte, ocorre este extraordinário sinal deixado por Deus: seu corpo transpira sangue há já 79 anos, sempre que se lhe toca; e todos os que, doentes, tocam com um pedaço de pano suas vestes constantemente úmidas de sangue, alcançam alívio em suas doenças e não poucos até se vêem curados[iii].

Convento de São Maron

O número de milagres ocorridos nessa ocasião foi tão grande que, Anaya, onde está o  mosteiro de São Charbel, ficou conhecida como “A Lourdes libanesa”. Somente entre 22 de abril de 1950 e 25 de junho de 1955, datas em que foram registrados esses acontecimentos, nos anais do Convento São Maron foram constatadas e confirmadas por médicos 237 curas,[iv] tidas todas como milagrosas.

         E o maior milagre era o de seu corpo perfeitamente incorrupto. Para se ter uma idéia disso, em 1952, quando foi feita a terceira exumação de seus restos mortais, conforme testemunha ocular, “o corpo foi retirado do caixão e sentado numa cadeira. Os braços e as pernas [estavam tão flexíveis, que foram] dobrados e curvados. A cabeça inclinada balançava dum lado para outro. As vestes sacerdotais e as roupas interiores estavam encharcadas de sangue[v].

Sepultura do santo

Segundo o relato que temos, o milagre que narraremos não foi com esse líquido sanguinolento que transuda de seu corpo. Mas de um óleo que benzido provavelmente junto ao seu corpo. Seja como for, é com relação a esse óleo bento que ocorreu o milagre que vamos relatar seguindo o site católico espanhol Aci Prensa. Esse fato publicado também em vários  outros sites católicos pelo mundo.

“O óleo que se multiplica”

         Foi na igreja de São Fernando, situada em pleno coração histórico de Nápoles, que ocorreu o fato tido como milagroso de que tratamos.

No dia da festa litúrgica de São Charbel Macklouf, o pároco desse igreja, Monsenhor Pasquale Silvestre, celebrou uma santa Missa em honra do Santo. E, fato surpreendente, atraídas pela fama do taumaturgo, compareceram a ela mais de 500 pessoas, muitas delas enfermas.

Frasco com o óleo milagroso

         No fim da Missa, de posse de um frasco com óleo bento que lhe fora enviado especialmente para a ocasião pela Cúria Maronita de Roma, provavelmente a pedido dos fiéis o sacerdote começou a ungir a testa dos mesmos que se perfilavam diante do altar.

         Em carta ao Pe. Elias Hamhoury, antigo postulador da causa de São Charbel, o Monsenhor Silvestre relatou: “Não imaginei que seriam tantas pessoas. Desse modo chegou um momento em que o frasco estava quase vazio, e eu temi não poder satisfazer a todos os presentes”.

         No entanto, conseguiu ungir cada um dos enfermos até que o frasco ficou vazio. Afirma o sacerdote: “Ao terminar, fechei o frasco e o guardei em seu estojo. Mas, ao colocá-lo na caixa forte, me dei conta de que o frasco estava outra vez cheio. Eu não podia crer no que via”.

         O Monsenhor Pasquale, entrevistado por ACI Prensa, que vimos seguindo, confirmou os fatos: “[Isso]  me estranhou muito, porque [o óleo] no frasco havia acabado. De fato, eu estava assustado porque não haveria suficiente para ungir a todos. Por isso virei várias vezes o frasco” para aproveitar as últimas gotas.

         “Ao comprovar que, efetivamente, o recipiente voltava a estar cheio, e que ‘pesava mais do que antes’, ele se dirigiu ao altar e comunicou o sucedido aos fiéis: ‘Quando viram [o frasco cheio], todos aplaudiram’”.

         “Acrescenta o Monsenhor Pasquale: ‘Eu não sou um milagreiro absolutamente. Mas neste caso houve uma produção de matéria, o que é uma coisa muito séria’. Diante do ocorrido, ele assegura ter atuado conforme estabelece o Direito Canônico: ‘Quando alguém tem notícia de um milagre, deve comunicar à postulação do santo’’’.

O óleo ficou com “o aroma dos cedros do Libano”

         Ainda falando a ACI Prensa, o Monsenhor Silvestre relata: “No dia seguinte, 25 de julho, um grupo de peregrinos libaneses veio à Igreja. Pediram-me para cheirar o azeite milagroso. E, ao fazê-lo, asseguraram que ele desprendia o aroma dos cedros do Líbano’, um dos símbolos do país natal de São Charbel. ‘O azeite está perfumado, algo que parece impossível”, diz o sacerdote napolitano”.

         Comunica Monsenhor Pasquale Silvestre que: “o frasco está guardado e à disposição das autoridades para o caso de alguém queira vir para averiguar e estudar o conteúdo”.

Devoção recente ao Santo

         O eclesiástico relatou a ACI Prensa “que sua devoção ao Santo começou quase de maneira fortuita. ‘Eu não o conhecia. Falaram-me dele há pouco, e gostei muito de sua história. Então, por devoção, pus um quadro dele na minha igreja’.

“E embora nunca ‘deu crédito a sonhos’, ainda assombrado compartilha uma anedota pessoal: ‘Quando pus este quadro [na igreja], à noite sonhei que São Charbel me olhava e sorria. Isso me impressionou porque, pela foto dele, [vê-se que] é sempre um homem sério. Mas sorria para mim’. Depois disso, resolveu dedicar todas as Missas das últimas sextas feiras do mês de junho e de julho ao santo libanês”.

Milagres se seguiram

         Continua Monsenhor Silvestre: “No dia 24 de julho, ‘véspera do ‘milagre do óleo’, foi procurado por uma jovem paroquiana de cerca de 20 anos. ‘Contou-me que nessa manhã, graças a São Charbel, havia sido curada de um tumor no seio. [Este] estava completamente limpo, [de modo que] os médicos afirmaram que isso era impossível’”

         A notícia fez com que “‘à tarde veio à Missa uma quantidade de gente impressionante. Nós não estávamos preparados, e por isso as Sagradas Formas terminaram. Depois veio tudo o que veio’”.

         “Desde então, assegura, muitos fiéis compartilharam com ele testemunhos de curas físicas ou espirituais depois de participarem da Missa. ‘Chegaram-me uns cinco ou seis relatos similares, e eu lhe pedi que os dessem por escritos’”.

         “ACI Prensa contatou a Conferência Episcopal Italiana (CEI) para conhecer sua posição a respeito [do fato], mas não obteve resposta até o momento em que publicou esta notícia”.

1.https://www.aciprensa.com/noticias/115877/milagro-de-oleo-de-san-charbel-en-una-iglesia-de-napoles


[i] Dom Joseph Mahfouz, O.L.M., Os Santos Maronitas, Bispado Maronita do Brasil, São Paulo, p. 5.

[ii] Plinio Maria Solimeo, São Charbel Maklouf, o grande taumaturgo do século XX, Catolicismo, dezembro de 2006.

[iii] Pe. José Leite, S.J., Santos de cada Dia, Editorial A.O., Braga, 1987, tomo III, pp. 480-481.

[iv] Cfr. Mansour Challita, Charbel, Milagres no século XX, ACIGI, São Paulo, p. 53.

[v] Pe. José Leite, op. cit. p. 481.

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