
- John Horvat II *

Tentando condenar o Rosário associando-o ao que chama de extremismo, sustenta que esse objeto de piedade faz parte de uma “cultura absolutista de armas” e de “políticas conspiratórias”. Assim, qualquer ativista conservador que reze o Rosário corre o risco de ser acusado de transformá-lo em arma e, portanto, constitui um perigo para a sociedade.
O Sr. Panneton poderia ter poupado muito tempo e problemas se tivesse pesquisado sobre o Rosário em outros sites, além dos portais conspiratórios que vasculhou para montar sua dramática catilinária.

Os católicos nunca esconderam o fato de o Rosário ser uma arma na luta contra as forças do mal. Por sete séculos, tem ele sido poderosa arma contra o mundo, o demônio e a carne, e nossa época não é exceção. Na verdade, o Rosário é agora mais necessário do que nunca.
São Domingos foi o primeiro a promover o Rosário como meio de luta, ao combater a heresia albigense no século XIII. Em 1571, o Papa São Pio V convocou a Cristandade inteira a rezar o Rosário para derrotar a frota muçulmana em Lepanto. O dia 7 de outubro, data da vitória católica, foi posteriormente declarado Festa do Santíssimo Rosário.

Ao aparecer em 1917 aos três pastorinhos em Fátima, Portugal, Nossa Senhora pediu a todos que rezassem diariamente o Rosário para pôr fim à guerra na Europa. Muitos observadores atribuem a retirada do exército soviético da Áustria em 1954, depois da Segunda Guerra Mundial, às multidões que compareceram aos rosários em praça pública, organizados em todo o país pelo Pe. Petrus Pavlicek [quadro ao lado] (vide matéria em Catolicismo, maio/1998).
O Rosário está no centro da batalha onde quer que haja luta contra inimigos da Igreja. Esta nunca escondeu o aspecto combativo do Rosário e as atitudes militantes que o cristão deve tomar em um mundo hostil. Nada há de errado em adaptar essas imagens à guerra e aos tempos modernos. Não por acaso, o grande Papa Pio IX declarou: “Dai-me um exército rezando o Rosário, e eu conquistarei o mundo”.

Com um histórico comprovado, o Rosário é arma autêntica e eficaz contra os inimigos da Igreja. Infunde terror nos corações dos que perseguem a Igreja, inclusive dos engajados na atual guerra cultural.
Assim, os ataques do Sr. Panneton ao Rosário só se explicam porque o vê como ameaça à ímpia cultura atual. Ele não pode deixar de constatar a crescente presença do Rosário em todas as frentes da guerra cultural.
Seu incrível poder fechou clínicas de aborto, cancelou as “Drag Queen Story Hours” (“horas de contar estórias de drag queen [às crianças], em tradução livre), e enfureceu ativistas satânicos.
O ataque do Sr. Panneton não visa a direita alternativa, mas os fiéis católicos que rezam com sucesso o Rosário em praça pública, em obediência ao pedido de Nossa Senhora em Fátima. Isso o aterroriza.
A preocupação do Sr. Panneton com o Rosário apresenta três falhas significativas. Ele não entende a sua natureza como oração que une a Nossa Senhora aqueles que o rezam. Assim, cria a ficção blasfema de que, funcionando como “amuletos”, as contas do rosário estão produzindo uma facção extremista.
Por sua natureza, o Rosário une os fiéis católicos a Nossa Senhora, toda pura, íntegra, imaculada.
Nada nele pode ser utilizado contra o bem comum. Os que o rezam sempre se esforçarão por não violar as leis de Deus. Sugerir que os devotos do Rosário sejam terroristas potenciais da direita alternativa não é senão um insulto a todos que o amam e o rezam.
O segundo problema do articulista é seu desejo de isolar o Rosário a fim de neutralizá-lo. Ao acusar os conservadores de transformá-lo em arma, ele procura trancá-lo em um gueto. Considera o Rosário aceitável desde que fique dentro das igrejas e longe da praça pública.

É preciso reduzir o Rosário a uma corrente de bem-estar para amparar almas fracas ou afligidas por ansiedades. Ele deve ficar nas mãos dos que o escritor chama de “santos”, que seriam, portanto, inócuos. O que para ele não se pode permitir é a mistura de ativismo católico com o Rosário.
Em sua visão do Rosário, o Sr. Panneton deseja limitar seu uso contra males vagos e ambíguos. Seus devotos devem cingir-se às lutas internas e subjetivas, procurando alvejar um “Satanás” folclórico, existente apenas na imaginação de católicos nervosos, e não no mundo real.

O autor soa o alarme ao ver católicos classificarem a missa negra satânica na Universidade de Harvard ou na prefeitura de Oklahoma, bem como a agenda LGBTQ+ e os assim-chamados “direitos reprodutivos”, como sendo do mal. Assim, segundo ele, o Rosário favorece posições “homofóbicas” perigosas e representa um “militarismo [que] também glorifica uma mentalidade belicosa e noções de masculinidade e força masculina”.
O equivocado escritor canadense revela seu extremismo ao defender todas as posições esquerdistas. Quando nossos opositores nos dizem para pararmos de rezar o Rosário, trata-se de um sinal seguro de que sua recitação está causando estragos nas hostes dos “principados e potestades” que dominam o mundo moderno (Efésios 6,12). É hora de lançar o ataque!
O Rosário é uma arma poderosíssima, e os católicos devem usá-la publicamente, com altaneria e fervor.
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* O articulista é colaborador de Catolicismo, vice-presidente da TFP norte-americana e autor do best-seller Return to Order.