Racha no Partido Socialista Francês

O PSF escolheu a rosa como símbolo, mas nem tudo são rosas para os socialistas franceses
O PSF escolheu a rosa como símbolo, mas nem tudo são rosas para os socialistas franceses… A rosa deles murchou de vez… 

Está em curso a Universidade de Verão que o Partido Socialista Francês realiza em La Rochelle. Mas, se o PSF escolheu a rosa como símbolo, no referido evento “nem tudo são rosas”. Bem ao contrário. Eis um suculento resumo que, a partir de publicações francesas, faz do mesmo o correspondente em Paris do conceituado jornal espanhol “ABC”, Juan Pedro Quintero. O sublinhamento é meu.

“Os socialistas franceses costumam começar o curso político com uma Universidade de Verão, reunida este ano em La Rochelle, a fim de ‘esquentar os motores’ após o término das férias estivais. Nessa ocasião, esta reunião de ‘família’ se transformou em batalha campal, depois da recente crise do governo.

“‘Libération’ ([jornal] independente de esquerda) consagra a essa crise suas sete primeiras páginas, que ele apresenta, na primeira, com este título: A guerra das esquerdas’. Alain Duhamel, analista-estrela de ‘Libération’, publicou uma análise intitulada O suicídio da esquerda. Na opinião de Duhamel, a divisão das esquerdas francesas tem algo de ‘suicídio coletivo’, abrindo uma fossa aparentemente insalvável entre ‘reformistas’, ‘críticos’ e partidários do ‘socialismo tradicional’.

“Laurent Joffrin, diretor de ‘Libération’, consagra a esses enfrentamentos cainitas uma destacada análise de duas páginas, com o título: Reformismo contra estatismo: um duelo secular. Para Joffrin, Manuel Valls, primeiro ministro, encarna hoje uma tradição reformista que choca de maneira brutal com a esquerda socialista, a esquerda ecologista, a esquerda comunista e as extremas-esquerdas.

“‘Le Parisien’ (popular independente) abre sua primeira página com esta grande manchete: Os socialistas perderam o norte. O jornal mais lido pelas classes populares da região parisiense identifica quatro famílias socialistas que apenas conseguem coabitar mal, com muitas dificuldades.

“‘Le Monde’ (independente) afirma que o presidente François Hollande enfrenta um PS ‘despedaçado’ e destaca um manifesto de deputados socialistas muito críticos ao presidente e ao seu primeiro ministro, Manuel Valls, ‘sugerindo’ uma mudança de política e um rosário de possíveis ‘reformas’, que não coincidem em absoluto com as reformas anunciadas pela dupla Hollande/Valls.

“Segundo uma pesquisa do [jornal] ‘Sud-Ouest’, 76% dos franceses julgam que o PS ‘não tem um projeto para a França’. De acordo com a mesma pesquisa, 82,5% dos franceses não crêem que Hollande seja capaz de frear o aumento do desemprego antes de 2017, ano das próximas eleições presidenciais.”

Até aqui, o jornalista do “ABC”. Para encerrar, cumpre recordar que a França é o berço da esquerda mundial, nascida das ideias de 1789; e considerando que no terreno ideológico não existe muralha chinesa, deve-se esperar que a atual bancarrota da esquerda francesa se estenda por sua vez ao mundo inteiro.

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(*) Helio Dias Viana é colaborador da Agência Boa Imprensa (ABIM)

2 comentários para "Racha no Partido Socialista Francês"

  1. Marcos Costa   31 de agosto de 2014 at 15:31

    Durante a leitura deste artigo de Helio Viana sobre a bancarrota da esquerda francesa — aliás, desilusão, falta de projetos que engagem os militantes, frustação etc — fiquei a pensar se os jornais estavam ou não dando a raiz dos problemas do Partido Socialista Francês.
    De fato, os jornais constatam o problema da “guerra das esquerdas” mas qual seria mesmo a causa?
    Diz-se que não há efeito sem causa, axioma aceito por todos.
    Outros vão mais longe e afirmam que há causas próximas e causas remotas. Bom, não vou entrar aqui nestas digressões.
    Mas, fatos são fatos: a esquerda está em franco declinio na França.
    Lembrei-me então de pesquisar os comentários da imprensa ao tempo em que François Mitterand lançou o seu projeto de Autogestão Socialista. Tive que voltar o ponteiro do relogio para 1981. Fez-se a luz!!!
    Deparei-me com 6 páginas de jornal publicadas pelo Prof Plinio Corrêa de Oliveira sob o título “Socialismo autogestionário, barreira ou cabeça de ponte para o comunismo?”.
    O que encontrei como solução, explicação e causa do fracasso do socialismo francês — recomendo a todos os leitores da ABIM: o segredo do socialismo francês estava na palavra_mágica Autogestão. Os jornais da época davam a Autogestão como sendo a grande descoberta que ia resolver o problema do mundo (nem capitalismo, nem comunismo).
    Mas o que acontece quando se tira a máscara de alguem?
    Não tinha mais remédio: as raízes mais poderosas da árvore tinha sido cortadas pelo lúcida, brilhante, oportuna e esclarecedora “Mensagem” do Prof Plinio Corrêa de Oliveira.
    Dei-me então ao luxo de aprofundar minha pesquisa: A “Mensagem sobre o Socialismo autogestionário francês” havia sido publicada no mundo inteiro.
    A única resposta do Partido Socialista Francês foi impedir a publicação da “Mensagem” na França.
    Mas o “machado estava posto na raiz da árvore”, como diz a Sagrada Escritura. O “gigante” caiu.
    Só me resta acrescentar um agradecimento à memória do Prof Plinio Corrêa de Oliveira.
    Mac Hado
    Em tempo, a “Mensagem está disponível nas principais linguas do Ocidente”. Dê-se ao luxo de escolher…

  2. Luiz Andrada   3 de setembro de 2014 at 13:51

    Sr. Helio,

    Salve Maria!

    Que Deus nos conceda a graça de serem verdadeiras, reais e concretas as suas palavras almejando, ao final do artigo, que a “bancarrota da esquerda francesa se estenda por sua vez ao mundo inteiro”.

    Fazendo eco ao que o senhor diz, ao final do artigo, alguém disse aproximadamente assim, referindo-se à atmosfera esquerdista sulfurosa que se respira na cultura e na política tupiniquins: “a desgraça brasileira nasceu em Paris!”. Pelo visto, não só a brasileira, mas a mundial!

    Que Deus tenha piedade de todos nós!

    Parabéns pelo artigo!

    Fraternalmente,
    Luiz Andrada