DUAS CONCEPÇÕES OPOSTAS NA ARTE

  • Plinio Corrêa de Oliveira

O quadro A Santíssima Trindade, pintado por Jean Fouquet,* aparece com o céu azul repleto de anjos dourados. Céu tão diferente daqueles que vemos em algumas figuras, com nuvens molengas parecendo feitas de isopor, onde as pessoas se sentam para passar o tempo. Já o céu imaginado por Fouquet é como se fosse uma verdadeira catedral.

Vemos anjos e santos sentados em tronos dos dois lados. No centro uma espécie de plateia de bem-aventurados. Todos áureos pela glória de Deus.

No mais alto, os três tronos perfeitamente iguais para as pessoas da Santíssima Trindade — um só Deus em Três Pessoas distintas, que possuem a mesma natureza divina, o Pai, o Filho e o Espírito Santo —, que reinam numa glória perfeitamente igual, desde sempre e para sempre.

Ao lado, um trono menor e em outro alinhamento, entretanto tão próximo apesar de distante. Nele vemos sentada uma figura nívea, superior a todo o dourado e a todo o azul do céu: Nossa Senhora. As três pessoas da Santíssima Trindade voltam-se para Ela em sinal de louvor, porque é a obra-prima de toda a criação.

Nossa Senhora reza recolhida, remetendo a Deus em forma de adoração, o amor que Ele lhe concede tão generosamente. É a imagem do Céu, repleto de ordem, de sublimidade, de hierarquia, de sacralidade.

O contrário dessa imagem do Céu é esse outro quadro. É a figura de como o progressismo concebe as coisas da religião. É uma pintura moderna representando a Última Ceia de Nosso Senhor Jesus Cristo com os Apóstolos. É a caricatura da religião. Nosso Senhor representado pela arte moderna é em tudo blasfêmia!

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*Jean Fouquet (1420–1481, anos aproximativos) é considerado o maior pintor francês de seu tempo. Suas obras são classificadas entre o final do Gótico e o início da Renascença. Entre suas numerosas obras, uma das mais célebres são as miniaturas do Livro de Horas de Etienne Chevalier, do qual faz parte o quadro que ilustra esta página: A Santíssima Trindade, o Sufrágio da Miniatura dos Santos (Museu Condé, Chantilly, França).

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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 28 de julho de 1974. Esta transcrição não passou pela revisão do autor.