
Uma guerra civil na Igreja Católica e um conflito armado na Europa revelam um confronto ideológico sem precedentes
- James Bascom
- Fonte: Catolicismo, Nº 865, Janeiro/2023
A Guerra Fria ganhou esse nome porque as superpotências, além de algumas guerras por procuração em todo o mundo, jamais travaram um conflito direto entre si. Mas, na época, o confronto ideológico entre comunismo e anticomunismo poderia ter levado à guerra na Europa, como aconteceu na Coréia, no Vietnã e em outros lugares.
Depois do colapso da União Soviética em 1991, no entanto, muitos no Ocidente ficaram eufóricos com a perspectiva de uma “nova ordem mundial” na qual o conflito ideológico desapareceria. A democracia e o liberalismo pareciam triunfar no que o cientista político americano Francis Fukuyama chamou de “o fim da História”. O pontificado de João Paulo II também espalhou um otimismo superficial e sem limites na humanidade e no futuro de um catolicismo pós-Vaticano II unido em torno de um líder carismático que prometia “dialogar” com o mundo. Na superfície, a década de 1990 parecia justificar esse argumento.
No entanto, as divisões entre esquerda e direita, liberal e antiliberal, e esquerda católica vs. catolicismo tradicional continuaram mais fortes do que nunca. O processo revolucionário analisado em Revolução e Contra-Revolução pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira avançou mais rápido e mais longe do que nunca. Na política, os liberais defendiam formas alternativas de casamento, a ideologia de gênero, o aborto irrestrito, o conflito racial e um globalismo que acabaria com as fronteiras e as identidades nacionais.
Na Igreja Católica, sob o Papa Francisco, os progressistas estão lutando para impor a aceitação da homossexualidade, do transgenerismo, da migração irrestrita, de um ecumenismo panteísta, da ecologia radical, do aborto, e até da idolatria, como foi no caso de Pachamama, enquanto perseguem os católicos tradicionais.
Embora essas divisões irreconciliáveis tenham permanecido principalmente sob a superfície durante o último meio século, as tensões explodiram. O Brexit e as eleições de Donald Trump e Jair Bolsonaro revelaram um descontentamento impressionante com a ordem mundial liberal dominante desde a Revolução Francesa. O rápido crescimento do conservadorismo e do tradicionalismo na Igreja Católica provocou uma resposta desconcertante do Papa Francisco e de seus aliados progressistas. Os revolucionários, tanto na política quanto na Igreja, estão furiosos com o fato de um número tão grande de pessoas não querer avançar no caminho do “progresso”.

Em 2022, esses conflitos internos explodiram em guerra aberta. A esquerda católica não tenta mais fingir fidelidade à doutrina católica sobre fé e moral. Ela está promovendo uma revolução dentro da Igreja, a qual se vê mais claramente no Caminho Sinodal Alemão. E está forçando os católicos a fazerem uma escolha: ou aceitam esta revolução e rejeitam o catolicismo tradicional, ou se expõem a ser considerados inimigos do Papa Francisco e do Concílio Vaticano II.
No campo político, Vladimir Putin lançou a guerra mais sangrenta em solo europeu desde a Segunda Guerra Mundial. Ele aproveitou o descontentamento com o globalismo liberal para apresentar a sua ideologia — uma mistura de nacionalismo russo com uma forte dose de ódio antiocidental e simpatia pelo comunismo — como a única alternativa. Os liberais, por sua vez, reforçam esse falso dilema. A alternativa ao putinismo, afirmam eles, é o liberalismo pró-LGBT.
Ambos os conflitos mostram que o processo revolucionário descrito por Plinio Corrêa de Oliveira vive uma profunda crise. Nunca houve tanta resistência à Revolução como agora. Ela não é mais capaz de persuadir as almas, como fazia nas décadas e séculos passados, e, portanto, está recorrendo à força. O processo revolucionário está tentando atingir seu objetivo final, que é destruir a Igreja Católica e a civilização cristã ocidental, para substituí-las pelo tribalismo, pela ecologia e pelo satanismo.
Ao mesmo tempo, a mensagem de Nossa Senhora de Fátima em 1917 é mais atual do que nunca. Suas advertências sobre guerras e perseguições à Igreja estão acontecendo diante de nossos olhos. Suas profecias sobre os “erros da Rússia” — seja mediante o socialismo, o liberalismo ou o putinismo — são indiscutíveis. As reações à Revolução que estão surgindo em todo o mundo são um sinal de que Deus está agindo na História, preparando as almas para o grande castigo que está por vir, mas também para o grande perdão e a grande vitória prometida por Nossa Senhora.
Caminho Sinodal Alemão

O chamado Caminho Sinodal Alemão (Der Synodale Weg), estabelecido em 2019. Embora criado aparentemente para ser um corpo consultivo de leigos e clérigos, tornou-se uma espécie de Estados Gerais da Igreja Católica, parecidos com aqueles que antecederam a Revolução Francesa. Está avançando a toda velocidade para mudar a doutrina católica sobre sexualidade, família, clero feminino, e muitos outros.
O arcebispo Dermot Farrell, de Dublin, Irlanda, declarou em um sermão que graças ao Papa Francisco e ao Caminho Sinodal Alemão, “uma mudança radical está chegando na Igreja”. E acrescentou: “Precisamos abrir um novo capítulo na história da Igreja Católica na Irlanda […] O Papa Francisco está nos oferecendo um modo de ser Igreja, o caminho sinodal, de caminhar juntos mais próximos e ser uma Igreja cheia de esperança, apesar de muitos desafios.”1
[1] https://www.ncronline.org/news/parish/dublin-archbishop-radical-change-coming-church
O impulso para a revolução vem dos mais altos níveis da Igreja alemã. O cardeal Reinhard Marx, arcebispo de Munique e ex-presidente da Conferência Episcopal alemã, declarou que “não há futuro para o cristianismo sem uma Igreja renovada”. Em uma missa pelos “20 anos de culto ‘queer’ e cuidado pastoral”,3 ele pediu o fim do celibato sacerdotal2 e a aceitação da homossexualidade. E chegou a declarar que os católicos podem duvidar dos ensinamentos católicos sobre moral. “O Catecismo não é imutável. Pode-se duvidar do que diz”.4
Em fevereiro, a Assembleia Sinodal alemã votou de forma esmagadora um texto endossando a ordenação de mulheres e uma reversão dos ensinamentos da Igreja Católica contra a homossexualidade e a contracepção.5 Marc Frings, secretário-geral do Comitê Central dos Católicos Alemães, organização copatrocinadora do Caminho Sinodal, declarou ser “necessária com urgência”,6 uma mudança no ensinamento católico sobre a homossexualidade, enquanto o presidente dessa organização, Irme Stetter-Karp, pediu maior acesso ao aborto.7
Além disso, o Caminho Sinodal deseja que os bispos sejam eleitos com a participação direta dos leigos, o que tornaria a Igreja Católica na Alemanha não diferente de qualquer outra seita protestante.8 O ex-presidente da mesma organização, Thomas Sternbert, disse que o verdadeiro objetivo do Caminho Sinodal é “pressionar” a Igreja a mudar seus ensinamentos, admitindo que avançou “com muito mais sucesso do que eu pensava”.9
Essa heresia do Caminho Sinodal provocou reações de católicos, na Alemanha e em todo o mundo. Em janeiro, mais de seis mil católicos alemães assinaram um documento intitulado “Novo começo: um manifesto pela reforma”, o qual atacava o Sínodo por suas posições heréticas.10 Em abril, mais de 70 bispos de todo o mundo — 52 deles dos Estados Unidos —, incluindo quatro cardeais, assinaram uma “fraterna carta aberta” aos bispos da Alemanha, alertando-os sobre “a nossa crescente preocupação com a natureza de todo o ‘Caminho Sinodal’ alemão” e afirmando que ele está criando confusão e pode até levar a um cisma.
“Não escutando o Espírito Santo e o Evangelho, as ações do Caminho Sinodal minam a credibilidade da autoridade da Igreja, incluindo a do Papa Francisco, a antropologia cristã, a moralidade sexual e a confiabilidade das Escrituras”, escreveram eles.11 O arcebispo Samuel Aquila, de Denver, Colorado, escreveu sua própria crítica pessoal, na qual afirmava que o Caminho Sinodal “desafia e, em alguns casos, repudia o depósito da fé”.12
2https://www.ncronline.org/news/quick-reads/germanys-cardinal-marx-backs-loosening-priestly-celibacy
8https://catholicnews.com/germanys-synodal-assembly-calls-for-change-on-deacons-bishops-selection/
[1]1https://www.catholicnewsagency.com/news/250945/fraternal-letter-bishops-germany-synodal-path
Muitos outros prelados se pronunciaram contra o Caminho Sinodal. O cardeal Gerhard Müller o denunciou em numerosas entrevistas e artigos. O cardeal Raymond Burke lembrou que cabe ao Papa Francisco corrigir os bispos heréticos. “Se eles não renunciarem a seus erros e se corrigirem, ele terá que removê-los do cargo.”13 O cardeal Malcolm Ranjith, de Colombo, Siri Lanka, disse que “não pode aceitar” o Caminho Sinodal Alemão. Até o Cardeal Walter Kasper, um notável progressista, chamou o Caminho Sinodal de “tentativa de golpe”, e que ele corre o risco de “quebrar o próprio pescoço”.14
A resposta de Roma pode ser resumida como uma oposição morna misturada com aprovação tácita. Em julho, o Vaticano emitiu uma declaração dizendo que “o Caminho Sinodal na Alemanha não tem o poder de obrigar os bispos e os fiéis a adotar novas formas de governo e novas orientações de doutrina e moral”. Os bispos alemães devem “esclarecer” isso, pois não seria permitido “introduzir novas estruturas ou doutrinas oficiais nas dioceses” sem a aprovação da Igreja Universal.15
No entanto, quando os bispos alemães se encontraram com o Papa Francisco e o Secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, por ocasião de sua visita ad limina em novembro, ambos não expressaram qualquer oposição ao Caminho Sinodal. Em declaração conjunta publicada após a reunião, o cardeal Parolin chegou a dizer que uma “moratória” sobre o Caminho Sinodal foi proposta, mas rejeitada. Nenhuma condenação do Caminho Sinodal foi publicada, nem o Papa Francisco ou o cardeal Parolin expressaram qualquer descontentamento com as suas muitas heresias públicas e notórias contra a moral católica.
Em conferência de imprensa após a visita ad limina, o presidente da Conferência Episcopal Alemã, Dom George Bätzing, proferiu uma frase que parecia resumir o propósito do Caminho Sinodal. Após dizer que a Igreja alemã quer permanecer católica, acrescentou: “mas queremos ser católicos de uma maneira diferente”.16

Invasão russa da Ucrânia
O regime russo agiu durante anos através de seus inúmeros meios de comunicação e de prestimosos liberais ocidentais, espalhando um falso dilema no mundo: este deve escolher entre um Vladimir Putin supostamente “cristão” e “conservador” à frente de uma nação russa
[1]3https://www.catholicaction.org/conversations_with_cardinal_burke_2022
[1]6https://www.catholicnewsagency.com/news/252870/did-the-vatican-snub-german-bishops-over-synodal-way
ressurgente, e um mundo ocidental pós-cristão “degenerado”. Muitos católicos e conservadores ocidentais engoliram esse falso dilema e passaram a olhar com simpatia para Putin como seu defensor.
E quando a Rússia, após aumentar maciçamente sua presença militar na fronteira com a Ucrânia ao longo 2021, começou a invadi-la de modo boçal e despótico com quase 200 mil soldados em 24 de fevereiro de 2022, lançando a maior guerra em solo europeu desde a Segunda Guerra Mundial, parecia que esses anos de preparação, tanto com reforço militar quanto com a conquista de conservadores ocidentais lhe renderiam sazonados frutos.
Era no que acreditavam muitos observadores, julgando que as forças armadas da Ucrânia desmoronariam sob o peso do alardeado rolo compressor russo como aconteceu em 2014, quando a Rússia invadiu a Criméia e enviou tropas não identificadas para a região oriental ucraniana de Donbass. Ledo engano!
Para grande surpresa dos que acreditam nas patranhas espalhadas pelos comunistas, o povo ucraniano deteve o avanço russo nos portões de Kiev. Bilhões de dólares em armas americanas e europeias foram enviadas à Ucrânia, em particular mísseis antitanque Javelin e artilharia pesada, cujo papel foi crucial para deter os russos. Estes recuaram em abril para se reagruparem e reforçarem seu domínio nas regiões leste e sul da Ucrânia. De maio a setembro, os ucranianos lançaram uma série de contra-ataques que retomaram milhares de quilômetros quadrados de seu território.
Como explicar essa resistência dos ucranianos? Por um lado, a Ucrânia sempre teve um papel decisivo na história eslava. A própria Rússia é um desdobramento cultural da Rus de Kiev do século IX, que foi um centro da cultura eslava durante séculos. No século XX, a Ucrânia deu grande apoio ao exército branco contra os bolcheviques, durante a guerra civil russa. Com seus milhões de católicos de rito grego e latino, a Ucrânia também foi um centro de resistência à perseguição russa, tanto sob os czares quanto sob o comunismo.
A questão religiosa está de fato muito presente em ambos os lados. Putin se refere regularmente ao conceito pseudo-místico de Russkiy mir (mundo russo) como justificativa para sua expansão militar. Ele também deseja transformar Moscou em uma “Terceira Roma” unindo todas as igrejas ortodoxas orientais dos povos eslavos em uma I.O. russa unificada sob a autoridade do patriarca ortodoxo russo controlado pelo Kremlin.
Muitos russos veem a guerra como a batalha decisiva contra o Anticristo.17 A Ucrânia, com seus milhões de católicos fiéis ao Papado, sempre foi uma pedra no sapato da igreja ortodoxa russa e dos czares. Mais importante ainda, Nossa Senhora de Fátima referiu-se aos “erros da Rússia” e previu que um dia “a Rússia se converterá”, dando à presente guerra um significado religioso especial.
Quaisquer que sejam os vínculos históricos, étnicos, linguísticos ou religiosos existentes entre a Rússia e a Ucrânia, a maioria dos observadores — incluindo muitos ocidentais simpatizantes de Putin — viu que a invasão russa foi uma agressão injusta e imoral. A guerra criou um desastre humanitário na Europa Oriental, com pelo menos sete milhões de refugiados ucranianos inundando países vizinhos e mais de dezenas de milhões deslocados internamente.
Os ataques aéreos russos atingiram deliberadamente a estrutura civil, como geradores de eletricidade e estações de tratamento de água, deixando dezenas de milhões de ucranianos no frio e sem água, no início do inverno. Nas regiões leste e sul conquistadas pela Rússia, igrejas não afiliadas à I.O. russa, como a Igreja Católica Ucraniana, são perseguidas.18 As atrocidades russas, como o massacre de Bucha, como também casos generalizados de roubos, estupros e assassinatos de civis em toda a Ucrânia ocupada, viraram contra Putin uma opinião pública ocidental antes indiferente.
[1]8 https://www.frc.org/updatearticle/20220307/russian-victory
A guerra russo-ucraniana é uma tragédia, mas também uma mudança de paradigma na política, economia e sociedade em todo o mundo. Larry Fink, CEO da BlackRock — uma das mais poderosas empresas de gestão de ativos do mundo e um símbolo de Wall Street e das finanças internacionais — escreveu uma carta aos acionistas da empresa, na qual declarava que “a invasão russa da Ucrânia pôs fim à globalização que vivemos nas últimas três décadas”19.
Os governos ocidentais sancionaram pesadamente a Rússia após a invasão, levando a uma retirada completa das corporações ocidentais daquele país. O gás russo, que forneceu 40% das importações de gás da Europa em 2017, foi reduzido e finalmente cortado totalmente durante o verão. A Europa está sofrendo uma terrível crise energética que levará anos ou mesmo décadas para remediar.
A Rússia vem se esforçando para se aliar a regimes socialistas, comunistas e outros regimes ditatoriais de países em desenvolvimento, espalhando propaganda que retrata o “Norte global” (Europa, América do Norte e Austrália) como o opressor e explorador do “Sul global” (África, América Latina, Oriente Médio e Ásia). Regimes comunistas ou terroristas, como o da China, Venezuela, Cuba e Irã, todos ficaram do lado de Putin ou se abstiveram de condenar sua invasão, sendo imitados por outros países asiáticos, africanos e latino-americanos. Por meio da guerra ucraniana, Putin está ajudando a realizar um antigo sonho da esquerda internacional de inflamar o ódio global contra a civilização ocidental, fruto do cristianismo.
Por sua vez, o Papa Francisco condenou a violência na Ucrânia, mas se absteve de condenar Putin ou os russos nominalmente. Uma razão para isso é porque de há muito ele prioriza o “diálogo” ecumênico com a I.O. russa. Assim que a guerra começou em fevereiro, o embaixador russo na Santa Sé confirmou que o Papa estava planejando se encontrar com o patriarca ortodoxo russo Kirill.
Os bispos católicos ucranianos emitiram fortes declarações para reunir os ucranianos em defesa de seu país. Francisco, no entanto, sempre falou em termos que implicavam culpabilidade mútua de ambos os lados pela guerra. Em março, ele chamou a invasão de “agressão armada”, mas algumas semanas depois disse que “guerra justa não existe: elas não existem!”20
Ele repetiu essa condenação geral uma semana depois, na viagem de volta de Malta, quando disse que “toda guerra decorre de uma injustiça — sempre — porque esse é o padrão das guerras”, e rejeitou os esforços para distinguir entre guerras justas e injustas, ou mesmo que qualquer país deve estar preparado para se defender.21 Inesperadamente, em 25 de março, o Papa Francisco realizou uma consagração da Rússia em Roma, em união com os bispos de todo o mundo. Se ela cumpriu ou não as condições e o tempo estabelecidos pela própria Nossa Senhora é uma questão em aberto.
[1]9https://www.blackrock.com/corporate/investor-relations/larry-fink-chairmans-letter
20https://www.vatican.va/content/francesco/en/speeches/2022/march/documents/20220318-fondazione-gravissimum-educationis.html21https://www.vaticannews.va/en/pope/news/2022-04/pope-francis-inflight-press-conference-from-malta.html
O Papa e seu Secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, expressaram inúmeras vezes seu desejo de uma visita papal a Putin. Em maio, ele repetiu esse desejo, enquanto ecoava um ponto de sua conversa com o russo na qual fazia uma acusação geral contra a OTAN, acusando a aliança militar defensiva de “latir à porta da Rússia”, o que levou Putin a “reagir mal e desencadear o conflito”.22 Até mesmo o Wall Street Journal ficou escandalizado com as simpatias pró-Rússia de Francisco, dizendo que isso envia um “terrível sinal moral” aos ditadores.23 Embora os bispos e o governo ucraniano tenham feito convites para que o Papa visite o país, ele descartou uma viagem a Kiev, a menos que inclua uma parada em Moscou.24
Com o evidente fracasso de seus militares em tomar a Ucrânia, Vladimir Putin enviou mensagens contraditórias sobre o uso de armas nucleares. Em fevereiro, ele colocou as forças nucleares de seu país em alerta máximo, e em setembro prometeu que a Rússia usaria “todos os meios disponíveis” para defender seu território, uma referência clara às armas nucleares em defesa de seus territórios recém-anexados no leste da Ucrânia.25
Em outubro, Putin disse que a Rússia não tem intenção de usar armas nucleares na Ucrânia, acrescentando que “não há sentido nisso, nem político nem militar”.26 No entanto, em dezembro, ele disse que a Rússia poderia mudar sua doutrina nuclear para incluir a possibilidade de lançar um ataque preventivo.27 Aconteça o que acontecer, a ameaça de uma guerra nuclear — que provavelmente desencadearia a Terceira Guerra Mundial — continua sendo uma possibilidade real, colocando uma espada de Dâmocles sobre a Europa e uma ferramenta poderosa na guerra psicológica russa.

Revolução LGBT na Igreja
A revolução LGBT na Igreja Católica, que tem contado com o benevolente e perplexitante apoio do Papa Francisco, deu um grande salto em 2022. Em janeiro, ele escreveu uma carta de próprio punho à irmã Jeannine Gramick, cofundadora do New Ways Ministry e uma das mais importantes líderes do movimento para normalizar a homossexualidade na Igreja. “Penso nos seus 50 anos de ministério, que foram 50 anos com este ‘estilo de Deus’, 50 anos de proximidade, de compaixão e de ternura […]. Obrigado, irmã Jeannine, por toda a sua proximidade, compaixão e ternura”, escreveu ele.30 Em maio, o padre James Martin, S.J. — que é talvez o mais notório promotor do reconhecimento da pauta homossexual na Igreja — enviou uma carta ao Papa com perguntas sobre os católicos LGBT praticantes. Foi respondida com uma nota dizendo que “Deus é Pai e não renega nenhum de seus filhos”.29
22https://www.vaticannews.va/en/pope/news/2022-05/the-pope-i-am-ready-to-meet-putin-in-moscow.html
23https://www.wsj.com/articles/pope-francis-blames-nato-russia-ukraine-11651598988
24https://www.americamagazine.org/faith/2022/11/28/pope-francis-interview-america-244225
26https://apnews.com/article/putin-europe-government-and-politics-c541449bf88999c117b033d2de08d26d
28https://www.americamagazine.org/faith/2022/01/07/sister-jeanine-gramick-letter-pope-francis-24215729https://www.catholicculture.org/news/headlines/index.cfm?storyid=54763
Em agosto, o Papa Francisco elogiou o padre Martin por promover “a cultura do encontro”, instando-o a que “continue assim, sendo próximo, compassivo e cheio de ternura”.30 Como se isso não bastasse, em novembro, Francisco se encontrou pessoalmente com o padre Martin no Vaticano por 45 minutos. “Foi um encontro caloroso, inspirador e encorajador que nunca esquecerei”, tuitou o padre Martin.31
Enquanto isso, os bispos de Flandres, na Bélgica, tornaram-se os primeiros no mundo a estabelecer um serviço litúrgico para abençoar “uniões” entre pessoas do mesmo sexo. Liderados pelo Cardeal Jozef De Kesel, arcebispo de Bruxelas, eles publicaram um documento intitulado “Estar pastoralmente perto das pessoas homossexuais”, que permite aos casais homossexuais “expressar diante de Deus como estão comprometidos um com o outro”.32
Embora contradiga abertamente a diretiva do Vaticano do ano passado contra tais bênçãos, o diretor do projeto de extensão LGBT dos bispos flamengos, Willy Bombeek, disse que este trabalho está “no espírito do nosso Papa”.33 Quando os mesmos bispos belgas fizeram sua visita ad limina ao Papa em novembro, nenhuma menção foi feita à controvérsia, que muitos viram como uma aprovação tácita.
No entanto, o clero que prega a doutrina tradicional da Igreja sobre o pecado homossexual é impiedosamente perseguido. Na Irlanda, o bispo Ray Browne de Kerry silenciou e destituiu um de seus padres, padre Sean Sheehy, por fazer um sermão contra a homossexualidade e o aborto. O bispo foi à rádio irlandesa emitir um pedido público de desculpas pela “profunda perturbação e mágoa” causada pelo padre. “A opinião expressa não representa a posição católica”, disse ele.34
Papa Francisco promove indigenismo no Canadá
Uma das viagens mais importantes do Papa este ano foi ao Canadá. No ano passado, a esquerda canadense fez um estrondo publicitário contra a Igreja Católica em relação a supostos crimes cometidos contra os índios canadenses por escolas religiosas, muitas das quais eram escolas religiosas administradas pela Igreja Católica. Embora as acusações de “valas comuns” e abuso desenfreado de crianças sejam em sua maioria infundadas, o caso serviu como oportunidade valiosa para promover a mesma teologia indígena que estava em plena exibição em 2019 em Roma no Sínodo Pan-Amazônico.
Francisco chamou esta sua viagem ao Canadá de “peregrinação penitencial”.35 A Igreja, disse ele, “contribuiu com as políticas de assimilação cultural que, no passado, prejudicaram gravemente as comunidades indígenas”. Ele também chamou as tentativas de assimilar os índios à civilização ocidental de “erro desastroso”.36 O porta-voz do Vaticano, Andrea Tornielli, escreveu que a principal mensagem do Papa Francisco é um “pedido de perdão pelos desastres causados pela mentalidade colonial que procurou erradicar as culturas tradicionais” que “impuseram seus próprios modelos culturais”.37
“Com vergonha e sem ambiguidade”, declarou, “humildemente imploro perdão pela maldade cometida por tantos cristãos contra os povos indígenas”.38 Ecoando a cerimônia da Pachamama no Vaticano durante o Sínodo Pan-Amazônico, o Papa no Canadá também participou de uma cerimônia de “manchas” indiana, uma “bênção” sincrética enraizada no paganismo indígena pré-cristão39
Ostpolitik do Vaticano com a China

A partir de 2018, o Vaticano estabeleceu um acordo secreto de dois anos com o Partido Comunista Chinês (PCC), que dá a este último o poder de selecionar bispos em troca do reconhecimento nominal, mas amplamente simbólico, da autoridade do Vaticano sobre a Igreja Católica chinesa. O acordo foi renovado em 2020 e voltou a ser renovado este ano. Depois de quatro anos, muitos observadores reconheceram que o acordo não deu nada à Igreja Católica e serviu para impulsionar a meta do PCC de tornar chinesas todas as instituições estrangeiras. O presidente Xi Jinping declarou que “vamos levar todas as religiões a se adaptarem à nossa sociedade socialista”.40
Em entrevista ao Spectator, o Cardeal George Pell disse: “Não acho que ganhamos algo” com o acordo.41 No entanto, o secretário de Estado do Vaticano, o Cardeal Pietro Parolin, prometeu continuar trabalhando junto com o PCCh. “Estamos tentando retomar o diálogo de forma concreta, com encontros que esperamos que ocorram em breve”, disse o Cardeal, embora reconhecesse a necessidade de “fazer esclarecimentos ou revisar alguns pontos”.42
Enquanto isso, o Cardeal Joseph Zen, ex-arcebispo de Hong Kong, foi preso em maio pelo governo chinês por apoiar o movimento de protesto nas ruas de Hong Kong contra o PCCh. Seu julgamento começou em setembro e em novembro foi considerado culpado por ter violado a nova “Lei de Segurança Nacional” de Hong Kong. Embora o Cardeal Zen tenha sido apenas multado e não tenha enfrentado pena de prisão, seu caso representa um salto gigantesco da ditadura do PCC sobre o território e uma disposição de perseguir a Igreja Católica diretamente.
35https://www.ncronline.org/news/vatican/pope-seeks-prayers-his-penitential-canadian-pilgrimage
36https://www.catholicculture.org/news/headlines/index.cfm?storyid=55601
39https://catholicnews.com/indigenous-priest-shares-practices-that-will-be-part-of-popes-canada-trip/
Surpreendentemente, o Vaticano permaneceu em silêncio sobre a prisão e o julgamento do Cardeal Zen. Em sua audiência pública regular em 22 de maio, o Papa Francisco pediu aos fiéis que orassem pelos católicos na China sem mencionar o Cardeal Zen ou sua prisão. Embora o Cardeal Zen tenha dito que as autoridades do Vaticano tinham “boas intenções”, ele chamou a nova Ostpolitik com a China de “imprudente” e uma “traição”.
O Cardeal Jean-Claude Hollerich, de Luxemburgo, atacou o Cardeal Zen como “controverso na China continental” e por estar dificultando a vida dos membros da Igreja clandestina. Na viagem de volta do Cazaquistão, o Papa abordou a questão da China, dizendo que “há uma comissão de diálogo que está indo bem” e que ele discorda de qualificar a China como “antidemocrática”. “O Cardeal Zen, disse ele, vai a julgamento […]. E ele diz o que sente, e podemos ver que há limitações aí […].
Com a China, precisamos da paciência do diálogo”.43 Em 22 de outubro, o Vaticano anunciou a renovação de seu acordo secreto com Pequim. Embora apenas seis novos bispos católicos tenham sido empossados após quatro anos sob o acordo, e mais de 30 dioceses chinesas atualmente não tenham bispo, Francisco disse que “o acordo está indo bem”…

Guerra de Francisco contra o catolicismo tradicional
Ao contrário da sua atitude dialogante frente à China comunista, o Papa Francisco não teve nada além de duras condenações aos católicos fiéis à missa tradicional. Em 2022, ele continuou seus fortes ataques contra os tradicionalistas. Em um discurso aos seminaristas em fevereiro, Francisco disse que os católicos não devem “cultivar nostalgia do passado e se fechar à novidade do Espírito”.44 Ele ordenou todos os padres tradicionalistas que concelebrassem uma Missa Crismal do Novus Ordus com o bispo local. Em maio, ele denunciou “a tentação do formalismo litúrgico”, que é uma “bandeira de divisão” que vem do “diabo, o enganador”.45
Sua linguagem tornou-se ainda mais dura em um evento de 1º de junho. “Considero perigoso que em vez de buscar nas raízes para seguir em frente [ou seja, boas tradições] nós damos um passo para trás, não subindo ou descendo, mas para trás […] essas pessoas se dizem guardiãs das tradições, mas de tradições mortas.”46 Duas semanas depois, em entrevista à “Civiltà Cattolica”, ele atacou grupos tradicionalistas da Igreja — especialmente nos Estados Unidos — que buscam uma “restauração” e querem “amordaçar o Concílio [Vaticano II]”.47 Ele voltou a atacar o tradicionalismo durante sua viagem ao Canadá, a quem acusou de “trabalhar contra a cura e a reconciliação […] Alguém disse uma vez que a tradição é a memória viva dos crentes.
44https://press.vatican.va/content/salastampa/en/bollettino/pubblico/2022/02/07/220207c.html
45https://press.vatican.va/content/salastampa/en/bollettino/pubblico/2022/05/07/220507f.html
Em vez disso, o tradicionalismo é a vida morta de nossos crentes. A tradição é a vida daqueles que nos precederam e continuam. O tradicionalismo é sua memória morta.”48 No entanto, até mesmo o “New York Times”, em um artigo sobre a Missa em latim nos Estados Unidos, foi forçado a admitir que o tradicionalismo está “experimentando um avivamento nos Estados Unidos” e está “prosperando” apesar das objeções do Papa Francisco.49
Estados Unidos: o aborto, a esquerda católica e um país dividido

A causa pró-vida nos Estados Unidos teve a maior vitória em cinquenta anos, quando a Suprema Corte anulou a sentença abortista Roe v. Wade de 1973. Agora, cada estado é livre para regulamentar o aborto como bem entender. Um grande número de estados conservadores como Texas, Oklahoma e Louisiana proibiram completamente o aborto, enquanto estados esquerdistas como Califórnia e Nova York se transformaram em “santuários do aborto”. Ao mesmo tempo, cinco plebiscitos estaduais para restringir ou expandir o acesso ao aborto foram vencidos pelo lado pró-aborto por larga margem, ilustrando a profunda divisão no país sobre o assunto.
Com um presidente católico pró-aborto, a questão da Santa Comunhão para os políticos pró-aborto tornou-se ainda mais candente este ano. O arcebispo Salvatore Cordileone, de São Francisco, cidade natal da presidente da Câmara, Nancy Pelosi, anunciou que ela não poderia mais se apresentar para a Comunhão em sua diocese. Em resposta, o Cardeal Wilton Gregory, arcebispo de Washington, DC, anunciou que nunca negaria a Comunhão a ninguém em sua arquidiocese.
Em junho, Nancy Pelosi viajou para Roma, onde recebeu a Santa Comunhão em uma missa no Vaticano na presença do Papa — uma clara demonstração de apoio ao “católico” pró-aborto. No consistório de agosto, Francisco elevou ao cardinalato o bispo Robert McElroy, de San Diego, Califórnia — talvez o principal clérigo da esquerda católica e o maior oponente de negar a Comunhão aos “católicos” pró-aborto.
Em novembro, os Estados Unidos tiveram suas eleições intermediárias para a Câmara dos Representantes e o Senado. Embora os republicanos fossem os favoritos para ganhar a grande maioria dos votos, eles venceram por uma pequena margem de votos, obtendo apenas três cadeiras e até perdendo uma cadeira no Senado. As razões para isso incluem candidatos fracos e incapazes de dar uma mensagem positiva além das acusações de fraude eleitoral nas eleições de 2020. No entanto, uma razão importante é que o país está profundamente dividido por dois blocos igualmente motivados, um conservador e outro de esquerda, que estão polarizados como nunca antes.
48https://www.laciviltacattolica.com/walking-together-francis-in-conversation-with-jesuits-in-canada/
49https://www.nytimes.com/2022/11/15/us/latin-mass-revival.html
Política europeia
A França realizou sua eleição presidencial em abril. No primeiro turno, o presidente de centro Emmanuel Macron obteve a maioria dos votos, mas perdeu espaço para partidos populistas de direita e esquerda em relação a 2017. No segundo turno, ele concorreu contra a populista de direita Marine Le Pen, quando obteve 58,5% contra 41,5% dela, a mais alta pontuação de todos os tempos para um candidato de direita. A eleição representou um descontentamento com o establishment político francês e um medo crescente em relação à imigração islâmica e a desintegração cultural.
A Itália também realizou uma eleição na qual a conservadora e anti-imigração Giorgia Meloni e seu partido, Irmãos da Itália, obtiveram uma grande maioria de votos, tornando-a primeira-ministra. Ela foi eleita pela mesma onda de descontentamento que varreu a Itália contra a imigração em massa de muçulmanos e contra o establishment político.
O Reino Unido sofreu uma crise quando o primeiro-ministro Boris Johnson foi forçado a renunciar em 7 de julho devido a escândalos. Sua sucessora, Liz Truss, lançou um programa de reforma econômica altamente impopular, levando-a à renúncia apenas 49 dias depois, tornando seu mandato o mais curto da história britânica. Ela foi sucedida pelo parlamentar conservador centrista e pouco inspirador Rishi Sunak. No mínimo, a crise revelou um grande descontentamento político no Reino Unido, semelhante ao do resto da Europa e do mundo.
Mas talvez o evento mais simbólico do ano na Europa tenha sido o funeral da rainha Elizabeth II. Sua morte ocasionou uma manifestação de pesar não apenas no Reino Unido, mas em todo o mundo. Mais de 250.000 pessoas esperaram por até 13 horas na “fila” para a última homenagem em Westminster Hall. Sua morte foi o fim de uma era, mas também uma ocasião de nostalgia por um mundo desejoso de tradição, honra e estabilidade, qualidades que faltam muito em nossos dias.
Conclusão

Este ano de 2022 pode ser caracterizado por um caos imenso e universal. As instituições estão desmoronando, a confiança está desaparecendo e a família está entrando em colapso. A política encontra-se polarizada e completamente disfuncional. O caos doutrinário tomou conta da Igreja Católica. O caos também entrou nas mentes dos homens, como visto na disseminação da Teoria de Gênero e na “guerra” entre masculino e feminino. Juntamente com o caos, este ano assistiu a um aumento da violência.
A Guerra na Ucrânia é o conflito mais sangrento na Europa desde a Segunda Guerra Mundial e não mostra sinais de terminar tão cedo. Protestos maciços eclodiram em todo o mundo, na China, Irã, Brasil e muitos outros países. A criminalidade explodiu em todo o Ocidente. Há também um aumento da violência institucional dentro da Igreja Católica, à medida em que os progressistas, sob os olhos complacentes do Papa Francisco, travam uma guerra contra os tradicionalistas e a moralidade ensinada pela Igreja Católica de sempre.
Com o caos e a violência veio um imenso sofrimento. Seja físico, econômico ou moral, ele não poupa ninguém. Com este sofrimento veio a tentação do desespero, como se vê no forte aumento do consumo de drogas e das mortes por suicídio.
No entanto, ao mesmo tempo, há lampejos de esperança. O número de conversões à fé católica, embora pequeno, vem aumentando. Muitos não católicos estão entrando na Igreja e muitos católicos, então distantes da Religião, estão voltando para casa paterna. Mas talvez o mais interessante seja que um número maior de convertidos esteja adotando um autêntico catolicismo “reacionário”. Muitos desses convertidos estão aderindo diretamente à Missa latina tradicional.
Eles estão questionando o paradigma liberal e socialista do mundo moderno e procurando as causas mais profundas da crise. Cada vez mais estão abertos à monarquia e ao Reinado Social de Jesus Cristo como resposta à nossa civilização moribunda. Há um pequeno, mas crescente interesse pela tradição, pela ortodoxia católica e pelas ideias contra-revolucionárias em geral, especialmente entre os jovens. Em um mundo de relativismo absoluto, materialismo superficial e degeneração moral, os jovens buscam regras, certezas, hierarquia, lei moral e infalibilidade, tudo o que pode ser encontrado na Igreja Católica. E mais pessoas do que nunca, católicas e não católicas, veem a crise em termos religiosos.
Em suma, os acontecimentos de 2022 tornam a mensagem de Nossa Senhora de Fátima mais relevante do que nunca. Suas advertências sobre os “erros da Rússia” e suas previsões sobre “guerras e perseguições à Igreja” estão se cumprindo diante de nossos olhos. É impossível negar que a humanidade vive hoje uma das piores crises da história.
Mas é sempre na pior das crises que Deus concede as maiores graças. Nossa Senhora de Fátima apareceu no auge da Primeira Guerra Mundial, quando a humanidade parecia estar à beira da auto-aniquilação. Como em 1917, o mundo de hoje está vivenciando um castigo terrível e justamente merecido. No entanto, os fiéis católicos devem redobrar sua confiança naquela declaração profética da Mãe de Deus: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!”