
América Latina, governos de esquerda com pouco apoio popular e progresso da Revolução Cultural
- Juan Antonio Montes
Fonte: Catolicismo, Nº 865, Janeiro/2023
A expressão tempus fugit (o tempo voa) é atribuída ao poeta Virgílio. Foi ela que me veio à mente ao rever as alternativas de luta entre a Revolução e a Contra-Revolução (RCR) na América Latina, feitas por mim, em artigo aqui publicado um ano atrás.
O que aconteceu desde então neste grande confronto?
Aspectos comuns do processo RCR no continente
Alguns traços ocorrem de forma muito semelhante nas nações latino-americanas, particularmente no tocante à revolução nos ambientes e nos costumes.
1 — Proletarização do poder político e o descrédito da classe política
Em todos os tempos e civilizações, mesmo nas mais primitivas, a autoridade sempre se dotou de certos protocolos, distâncias e formalidades que lhe conferiam uma influência natural sobre o restante da sociedade. Com isso ela realçava em geral os aspectos mais nobres das idiossincrasias da nação ou do grupo social que liderava.
Mas o que acontece quando, em vez de querer refletir essas qualidades, a autoridade opta pelo contrário, ou seja, por se misturar com o que há de mais vulgar e comum na nação?
O efeito-espelho entre a autoridade e os cidadãos se inverte, e o povo, ao contemplar a sua própria vulgaridade nas autoridades, acaba banalizando quem tenta ser igual a ele. É o que aconteceu notoriamente no ano findo com os chefes de Estado e os políticos em geral.
Eles procuram ser vistos apenas como “mais um” do conjunto, refletindo exclusivamente o que há de mais comum e prosaico. Tomemos, por exemplo, os presidentes do Chile, do Peru e da Bolívia. O primeiro, Gabriel Boric, renunciou ao uso da gravata; o segundo, Pedro Castillo usou o chapéu chotano até se convencer de que essa atitude “dividiu” o país; e o terceiro, Luís Arce, adota modos de ser “casual” semelhantes a seus congéneres; sua aparência representa mais hábitos terroristas do que a de um chefe de Estado.
Se essa é a forma de apresentação característica de muitos chefes de Estado do continente, o que dizer dos políticos em geral? A extravagância total é a nota dominante, e quanto maior for ela, mais os políticos julgam atingir as simpatias de seus respectivos eleitorados.
No entanto, o resultado é muito diferente do que eles imaginariam. As sociedades, não vendo nada nas autoridades que as distinga delas mesmas, acabam por questionar se tais autoridades têm o direito de ocupar os cargos para os quais foram eleitas.
Assim, a banalização das autoridades políticas acaba sendo um círculo vicioso, e, em última instância, uma das importantes causas do descrédito do próprio sistema democrático representativo. O que, por sua vez, se presta ao surgimento de novos “líderes salvadores”, como Chávez, Maduro, Ortega e outros, que vemos se espalhar no nosso continente.
O ano de 2022 assistiu a grave aumento do divórcio entre as autoridades políticas e os cidadãos, colocando em sério risco a própria manutenção do sistema democrático representativo.
2 — A revolução do vestuário e a saturação do grafite
Se este é o panorama indumentário daqueles chamados a serem as elites naturais de uma nação, o que dizer do resto das populações do nosso continente?
O imortal Camões escreveu nos Lusíadas que “o fraco rei faz fraca a forte gente”. Isso se aplica ao mau exemplo dado pelos atuais “reis” da notoriedade, ungidos pela propaganda. Sua vulgaridade no modo de se apresentar vai se tornando o denominador comum das sociedades.
Outra expressão desse ambiente vulgar, em que estadeiam o sujo e o feio, são os grafites que infestam as ruas e logradouros públicos da maioria das capitais latino-americanas. Sobre a chegada a Buenos Aires de um grafiteiro inglês para expor suas “obras de arte”, a comentarista Mónica López Ocón comentou:
“O rebelde que começou a fazer tremer os muros das ruas de Bristol, cidade onde nasceu, com seus grafites críticos e rebeldes, fazendo crer aos transeuntes que a nova Revolução não era mais feita por guerrilheiros barbudos, nem por russos com foices e martelos, mas que agora vinha com aerossol, um frasco que ao ser apertado disseminava uma substância revolucionária que ficava grudada nas paredes, [o qual] era simplesmente comprado em loja de ferragens e não precisava de estratégias bélicas ou de mártires imolados em busca de um ideal, agora cotiza suas obras em milhões e estas percorrem o mundo pelas mãos de empresários que obtêm substanciosos lucros”.1
Hoje o grafite não expressa ideias, como em maio de 1968 em Paris, mas culto ao feio, ao brutal, ao obsceno. Não respeita o consentimento dos donos dos imóveis grafitados, nem a aprovação daqueles que se sentem agredidos por suas representações abjetas.
Como um hino à anarquia, onde tudo é permitido numa terra de ninguém, esses novos revolucionários imprimem cores estridentes, formas vulgares misturadas com algumas mensagens anti-ordem, como meio de conquistar o terreno do visível e fazer apologia do sujo e do feio.
Por ocasião do chamado “Chile acordou”, todas as ruas ao redor do epicentro das manifestações, bem como a maioria das fachadas das igrejas, que escaparam dos incêndios, e edifícios dos centros das principais cidades do país, estavam sujas com o spray desta nova revolução.
No entanto, esta agressão revolucionária não é exclusiva de Santiago. As principais cidades do nosso continente, outrora cartões de visita da cultura e da ordem que nelas reinavam, se transformaram em exibições de sujeira, incitando os transeuntes a se tornarem sujos e vulgares como elas.

3 — O caos das migrações, da criminalidade e do narcotráfico se alastra como uma praga
Acrescente-se a isso outro fator que aumenta as características ambientais revolucionárias e que contaminam as almas e mentalidades.
Trata-se do progressivo crescimento das migrações internas entre os países latino-americanos. Só da Venezuela, como resultado do sistema marxista ali prevalente, mais de sete milhões de pessoas fugiram, a maioria delas para outros países do continente.2
Em princípio, a população latino-americana é tão homogênea que a transferência de equatorianos para a Colômbia ou de peruanos para o Chile seria quase imperceptível e até, se devidamente protegida, um elemento enriquecedor da nação que os acolhe.
No entanto, quando as migrações constituem verdadeiras avalanches populacionais, que os países recebedores não estão preparados para absorver, por carecerem de fontes de trabalho que lhes proporcionem uma vida digna, então o que poderia ser um enriquecimento se torna um caos social. Tudo é permitido, desde que nos acomodemos. A isso se soma o fato de que, junto com a imigração de pessoas honradas e trabalhadoras, chegam também bandos organizados para a delinquência.
Essa situação é o principal terreno fértil para a proliferação do crime e do narcotráfico, negócios altamente lucrativos. Daí para a internacionalização do crime e do narcotráfico é só um passo. Um passo fácil de dar, quando se acrescenta outro fator: o da guerrilha subversiva.
Isso pode forçar — e de fato aconteceu no Equador, no Chile e na Colômbia — a se ter que chamar as forças armadas para manter a ordem pública. Tudo redundando em um estado permanente ao longo de 2022 de uma quase guerra interna nesses países.
A soma desses fatores nocivos está colaborando para a desaparição do Estado de Direito e uma nova cultura, onde uma apenas uma lei respeita: a do mais forte.
Apologia da pobreza
A isso se soma, como isso se soma, como denominador comum a todos os governos de esquerda que assumiram o poder recentemente, um total descaso com a iniciativa privada como principal fonte de geração de empregos e riquezas para as exauridas economias locais.
Move-os a isso a rejeição ao extrativismo e a adesão à chamada “ecologia profunda”. Para eles, cuidar da Terra é mais importante do que cuidar de seus habitantes.
Segundo o pensamento socialista de ponta, qualquer ação de caráter extrativista — como a mineração, a pesca ou mesmo a agricultura intensiva —quando exercida por indivíduos, tem uma “finalidade perversa”, que é a busca do lucro, e constitui um atentado contra a “Mãe Terra”, um crime imperdoável de “lesa-terra”. A perspectiva da exploração do lítio exclusivamente por empresas estatais da Bolívia, da Argentina e do Chile é um claro exemplo dessa mentalidade.
Economistas consideram que a dificuldade para investidores internacionais contribuírem na exploração de recursos naturais na América Latina está oferecendo à China comunista uma oportunidade para que aumente a sua já grande presença no continente no próximo ano.
4 — Instabilidade permanente de todas as instituições, a começar pela família

É difícil imaginar a estabilidade das instituições em países com uma economia em declínio e uma segurança precária.
Com efeito, para que uma instituição — seja qual for a sua natureza e importância — se mantenha no tempo, necessita de duas condições básicas. A primeira é que todos os seus componentes tenham clareza do objetivo que os une; a segunda é que quem a conduz saiba fazê-lo sabiamente até o fim a que todos se propuseram.
Quando nos referimos a instituições, a primeira delas é a família. Há uma relação profunda entre as normas de convivência social e o desejo de beleza nas esferas comuns da existência. Quando o desejo do bem e do belo diminui no primeiro, a aspiração de formar famílias unidas, baseadas no respeito entre os contratantes e abertas à vida tende a desaparecer.
A família — como a conhecemos ao longo dos séculos, inspirada na moral cristã — está dando origem, nas leis e costumes de todos os países, ao conceito de “famílias”, entendendo-se por isso qualquer tipo de união, independente da finalidade a que se propõe.3
Em âmbito continental, a identidade de gênero, levada às suas consequências mais extremas, vai sendo introduzida desde os primeiros anos do ensino público por meio de uma educação permissiva e amoral, na qual cada um se “autoconstrói” segundo a sua “identificação”. Tal mentalidade deu origem, em países como Colômbia, Chile e Argentina, à concessão de carteiras de identidade que introduzem um terceiro “sexo”, não binário, marcado por um “X”.4
Ao mesmo tempo, as correntes de esquerda que defendem projetos de aborto também promovem o assassinato daqueles que “não são mais úteis” à sociedade, sob o pretexto da “morte digna”.
Uma sociedade cujos costumes e leis se ajustam gradualmente a essa “agenda” perde o sentido do seu próprio fim, que é a prática do bem comum, preparando assim a sua autodestruição.
Um exemplo claro dessa tentativa de transformação cultural revolucionária foi o Projeto de nova Constituição, submetido a plebiscito no Chile em 4 de setembro de 2022. Ele previa a destruição de todas as instituições formadas ao longo de cinco séculos de história do país.
Apesar dos altos e baixos dessa agenda de revolução cultural ao longo de 2022, ela permanecerá no tempo.
5 — Crescimento do mundo evangélico e o desaparecimento da presença católica

Junto com a destruição das instituições cristãs, cresce em todo o continente o fenômeno da adesão a várias seitas protestantes. Tal renúncia à Igreja Católica afeta principalmente a parcela da população de menor escolaridade, mas ao mesmo tempo aquela mais propensa a manter a família como célula natural e básica da sociedade.
Há uma contradição entre o crescimento do mundo evangélico e a defesa da família e do direito de nascer. Não há dúvida de que a instituição detentora do corpo teológico mais forte para a promoção desses princípios é a Igreja Católica. Como explicar então que à medida que cresce a preocupação com a família, cresce também a adesão às seitas protestantes, justamente aquelas que nasceram questionando a moral familiar da Igreja?
A razão é mais simples do que parece à primeira vista. Desde o surgimento da chamada “Teologia da Libertação”, dentro do mundo católico, houve um êxodo permanente dos setores mais populares, desejosos de uma religiosidade mais conservadora e não contaminada pelo esquerdismo.5 E esse êxodo foi agravado pelo progressivo abandono das posições tradicionais da moral católica por parte de altos dignitários da Igreja e pelas instruções recebidas do Vaticano no atual pontificado.
Esta orfandade religiosa é a principal causa do abandono da Igreja. Ela explica também o aumento dos que se dizem ateus ou não crentes num continente outrora solidamente católico.
6 — Reações importantes ao processo revolucionário

A exiguidade de espaço não nos permite entrar em detalhes de cada país latino-americano. Houve, porém, ao longo do ano de que tratamos, reações importantes demonstrando uma vitalidade conservadora que, à primeira vista não parecia tão forte.
Digamos, antes de tudo, que de acordo com os últimos resultados eleitorais, a grande maioria dos países do continente — com poucas exceções — tem governos de esquerda. No entanto, não é menos verdade que quase todos eles têm pouquíssima base de apoio popular.
O governo colombiano chefiado por Gustavo Petro viu a rejeição à sua gestão dobrar em poucos meses, passando de 20% para 40% de reprovação. E aumenta quanto às suas propostas de não continuar explorando petróleo e gás. Nisso a desaprovação sobre para 54,5 %.
No Peru, Pedro Castillo praticamente não conseguiu governar desde que foi eleito. Acusado de sucessivos casos de corrupção, após mais de um ano no poder, 69% dos peruanos dizem “sentir vergonha, raiva ou decepção quando pensam no presidente. Esses sentimentos, acumulados ao longo de 2022, acabaram por apeá-lo da presidência do Peru. Entretanto, ainda é prematuro conjecturar para onde se encaminhará essa importante nação.
O panorama na Argentina não é muito diferente: 68,3% avaliam negativamente a gestão de Alberto Fernández e, segundo o jornal “La Nación”, “a imagem favorável do governo é de apenas 20%”.6
No caso do Chile, esta reação anticomunista foi especialmente proeminente por ocasião do plebiscito de setembro passado,
Uma coisa ficou esclarecida: a subida de Castillo à presidência revelou sua total incompetência para o cargo e seu prematuro final deu mostras do efêmero desses governos populistas de esquerda num continente que não é esquerdista.
O panorama na Argentina não é muito diferente: 68,3% avaliam negativamente a gestão de Alberto Fernández e, segundo o jornal “La Nación”, “a imagem favorável do governo é de apenas 20%”.6 O que agravou muito a recente condenação da vice-presidente Cristina Kirchner a seis anos de prisão e inabilitação perpétua para ocupar cargos públicos. A sentença por corrupção na obra pública marcará de modo imediato a política argentina.
No caso do Chile, a reação anticomunista foi especialmente proeminente por ocasião do plebiscito de setembro passado, quando 62% dos eleitores rejeitaram o projeto de Constituição apresentado pela Convenção e apoiado pelo governo Boric. Segundo as últimas pesquisas, o apoio ao seu governo está nos menores índices, atingindo apenas 27% da população.7
Até o momento em que escrevemos estas linhas, o governo, após três meses de sua derrota, não consegue retomar sua agenda de transformações estruturais.
Os governos ainda mais à esquerda — como os da Nicarágua, Venezuela e Cuba — só conseguem sobreviver em virtude de um sistema de repressão criminosa que sujeita suas populações ao medo, e também graças à colaboração cúmplice dos citados governos, chamados de “democráticos”.
Resumindo. No ano passado, a esquerda não fez senão avançar, parecendo ter avermelhado o mapa do continente. Não obstante, se analisamos com profundidade a situação desses governos, vemos que os resultados eleitorais obtidos por eles não representam uma esquerdização ideológica das populações, mas são o produto de um cansaço com os políticos “tradicionais” pelas causas anteriormente mencionadas.

Conclusão: “Ad te levavi óculos meos”
Diante desse cenário, há previsões para 2023?
Em princípio, em meio a um terremoto, só se pode prever racionalmente o colapso de tudo o que ruindo. No entanto, qualquer previsão seria meramente racionalista se desprovida da consideração do auxílio extraordinário da Divina Providência e da proteção da Mãe de Deus.
Como homens de Fé, terminamos estas considerações com a mesma invocação formulada por Plinio Corrêa de Oliveira na conclusão de sua obra magna: Revolução e Contra-Revolução: “Ad te levavi óculos meos” — A Vós, Senhora, Rainha dos Corações, elevamos o nosso olhar e pedimos o vosso auxílio. As nossas nações, consagradas a Vós, não desejam desviar-se do vosso caminho de salvação.
____________
Notas
- Mónica López Ocón, “A revolução em aerossol”. Obras do grafiteiro inglês mais famoso e valorizado do mundo desembarcam na Argentina em agosto. Uma exposição que promete ser um sucesso. 18-5-22. https://www.tiempoar.com.ar/cultura/la-revolucion-en-aerosol/
- Segundo o ACNUR, “as pessoas continuam deixando a Venezuela para fugir da violência, da insegurança, das ameaças e da falta de alimentos, remédios e serviços essenciais. Com mais de 7,1 milhões de refugiados e migrantes da Venezuela — a maioria dos quais vive em países da América Latina e do Caribe — esta se tornou a segunda maior crise de deslocamento externo do mundo.
- Segundo informações da imprensa, na América Latina o casamento igualitário é legal em sete países e em vários estados mexicanos. O Chile é o país que mais recentemente adaptou seu marco legal (2022) para permitir essas uniões. Argentina, Brasil, Uruguai, Colômbia, Equador e Costa Rica já emitiram suas próprias leis a esse respeito nos últimos anos. Cf. Mónica Mena Roa, Jornalista de Dados, https://es.statista.com/grafico/18091/paises-donde-es-legal-el-matrimonio-entre-personas-del-mismo-sexo/#:~:text =Em%20Am%C3%A9rica%20Latina%2C%20o%20casamento,em%20respeito%20em%20a%C3%B1os%20recentes.
- Em julho de 2021, a Argentina assumiu a liderança na América Latina ao aprovar que o documento nacional de identidade daquele país acrescentasse a opção “X” na definição de gênero.
- Em reportagem do “Wall Street Journal” no início de 2022, a importante mídia norte-americana se pergunta: “Por que a Igreja Católica está perdendo a América Latina?” Segundo seus autores, “os pentecostais conservadores fazem grandes progressos, apesar do primeiro papa da região; O Brasil está prestes a se tornar uma minoria católica ainda este ano.” Cf. https://infovaticana.com/2022/01/13/wall-street-journal-el-papa-francisco-esta-perdiendo-a-los-catolicos-iberoamericanos/
- “Quanto ao presidente, seis em cada dez argentinos desaprovam sua gestão e destaca-se um forte revés na imagem pessoal de Cristina Kirchner.” https://www.lanacion.com.ar/politica/la-imagen-positiva-del-gobierno-es-de-apenas-el-20-y-crece-el-rechazo-a-cristina-kirchner-nid17052022/
- “Segundo a última pesquisa do Cadem (outubro/2022), o presidente obteve 27% de aprovação cidadã, o menor resultado desde que assumiu o cargo em março passado”. Cf. https://www.latercera.com/politica/noticia/jackson-atribuye-desplome-de-la-aprobacion-de-gabriel-boric-a-situacion-de-seguridad-y-a-un-malestar-por- aspectos relacionados à gestão política que precisam ser corrigidos/7KCEGIEKYRDVFMVWG4QLNBZWDM/