Fátima, misterioso e maternal aviso

Nossa Senhora de Fátima

         O dia 13 de maio de 2017 — do qual apenas um ano nos separa — revestir-se-á de invulgar importância. Será o centenário de um acontecimento histórico que marcou profundamente o século XX e continua a marcar o século XXI: uma Senhora de aspecto deslumbrante aparece em Fátima (Portugal) a três crianças na Cova da Iria, e lhes revela uma Mensagem destinada ao mundo inteiro.

         Era a Santíssima Virgem, que abria assim ao mundo contemporâneo o caminho da conversão e de radiosas esperanças, o que devia dar-se através da oração, da penitência, da mortificação e da mudança de vida. Bastou que Nossa Senhora lhes aparecesse para que as crianças levassem a sério o que a Mãe do Céu lhes dissera.

Nossa Senhora de Fátima

         Lúcia, Jacinta e Francisco [foto acima] — assim se chamavam — procuraram meios de se oferecer a Deus como vítimas pelos pecados do mundo, a fim de consolar o Coração Imaculado de Maria. Caso a humanidade atendesse aos pedidos de Nossa Senhora em Fátima, converter-se-ia a Rússia, evitar-se-iam as duas guerras mundiais, e seria afastada a crise sem precedentes que grassou na Igreja.

 

Nossa Senhora de Fátima         Mas, como tal não se deu, a Rússia espalhou seus erros pelo mundo subvertendo a sociedade, sobretudo a família e a religião. A humanidade foi flagelada por duas grandes guerras que ceifaram milhões de vidas. E quem poderia imaginá-lo, com o Concílio Vaticano II [foto] e o pós-Concílio, a fumaça de Satanás penetrou na Igreja, segundo constatou o próprio Paulo VI.

         Segundo esse Pontífice, pensava-se que “viria um dia ensolarado para a história da Igreja; veio, pelo contrário, um dia coberto de nuvens, de tempestade, de escuridão, de indagação e de incerteza […]. A Igreja atravessa hoje um momento de inquietude. Alguns praticam a autocrítica, dir-se-ia até à autodemolição […]. A Igreja é golpeada pelos que d’Ela fazem parte”.

         Por sua vez, diante do predomínio desse quadro, João Paulo II expressou-se com as seguintes palavras: “É necessário admitir realisticamente e com profunda e sentida sensibilidade que os cristãos hoje, em grande parte, sentem-se perdidos, confusos, perplexos e até desiludidos: foram divulgadas prodigamente ideias contrastantes com a verdade revelada e desde sempre ensinada; foram difundidas verdadeiras e próprias heresias, no campo dogmático e moral, criando dúvidas, confusões e rebeliões; alterou-se até a liturgia; imersos no “relativismo” intelectual e moral, e, por conseguinte, no permissivismo, os cristãos são tentados pelo ateísmo, pelo agnosticismo, pelo iluminismo vagamente moralista, por um cristianismo sociológico, sem dogmas definidos e sem moral objetiva”.

         É também esclarecedor o que afirmou ainda o Cardeal Joseph Ratzinger, Prefeito da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé e futuro Papa Bento XVI: “Os resultados que se seguiram ao Concílio parecem cruelmente opostos à expectativa de todos, a começar do Papa João XXIII e depois de Paulo VI […]. Os papas e os padres conciliares esperavam a nova unidade católica e, pelo contrário, se caminhou para uma dissensão, que — para usar as palavras de Paulo VI — pareceu passar da autocrítica à autodemolição. Esperava-se um novo entusiasmo e, em lugar dele, acabou-se com demasiada frequência no tédio e no desânimo. Esperava-se um salto para frente e, em vez disso, encontramo-nos ante um processo de decadência progressiva…”. E conclui: “Afirma-se com letras claras que uma real reforma da Igreja pressupõe um inequívoco abandono das vias erradas que levaram a consequências indiscutivelmente negativas.”

         As consequências da crise religiosa, sobretudo em questão de fé e moral, são desastrosas em todos os campos e não se restringiram ao interior da Igreja. Basta observar o ambiente que nos cerca, para verificar a crise que abala a família, os costumes, a política, a economia, a educação e o comportamento humano.

         Essa crise agravou-se no Brasil com a ascensão do PT ao poder, mas mesmo antes, nos governos que o antecederam, já grassava nas faculdades, nos ensinos fundamental e médio, na vida intelectual, moral e psicológica, paulatinamente trabalhados no sentido do pensamento do regime petista, ou seja, do socialismo marxista.

         O Partido dos Trabalhadores se baseia numa concepção ateia e materialista da sociedade e utilizou todos os meios para se instalar definitivamente no Poder a fim de implantá-la. Não estranha que, com o eventual afastamento da atual Presidente, o novo governo venha a compor seu ministério com nomes caros aos atuais mandatários petistas e a FHC, conforme noticiou o diário “El País” de Madrid, de 28 de abril de 2016, em matéria redigida por Afonso Benites com o título: “Michel Temer prepara primeiro escalão com nomes de confiança de Lula e FHC”.

         Se assim for, conclui-se que tudo parece caminhar para a continuação do petismo sem PT. Tudo isso ocorreu progressivamente, através das ideias novas plantadas dentro da Igreja católica em conúbio com os desideratos da Revolução universal. Procura então encaminhar a humanidade rumo ao caos. Donde se compreende a apreensão de Nossa Senhora em Fátima com os rumos que se delineavam em 1917 em vista da ascensão do bolchevismo na Rússia. Nessa ocasião a Virgem Santíssima previu que este país seria a grande ameaça para a Igreja e para o mundo.

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(*) Sacerdote da Igreja do Imaculado Coração de Maria – Cardoso Moreira (RJ).

 

 

Um comentário para "Fátima, misterioso e maternal aviso"

  1. Antenor Robson Costa   13 de maio de 2016 at 12:20

    Sem dúvida, a mensagem de Fátima foi dirigida, sobretudo, aos tempos atuais.
    Na época das aparições, o regime comunista ainda não tinha sido implantado na Rússia, de forma que ninguém poderia compreender o real significado das palavras da Virgem naquele momento histórico. Tanto que, segundo consta nas memórias de Irmã Lúcia, as próprias crianças pensavam que a Rússia era apenas uma mulher má. Ninguém fazia a menor ideia sobre os erros da Rússia que haveria de se espalhar pelo mundo.
    Agora sim, tudo está muito claro.
    Tudo começou na década de 60, quando o terceiro segredo deveria ter sido divulgado e não foi.
    Esse foi o grande alerta do céu para se evitar o concílio, que acabou acontecendo e resultou no terrível desastre que estamos vivendo hoje. O CV II foi, na verdade, uma espécie de revolução francesa dentro da Igreja, seguindo os mesmos princípios da liberdade (religiosa), igualdade (colegialidade) e fraternidade (ecumenismo).
    Por outro lado, os erros da Rússia tem-se materializado na propagação de um poder político autoritário, determinado em eliminar definitivamente todos os vestígios do cristianismo católico, fazendo suprimir do coração das pessoas a fé em Deus e em seu Cristo, por meio de leis iníquas, políticas anticristãs e incentivos à imoralidade generalizada. Tudo ordenado para se construir uma sociedade ateia, igualitária, pervertida e sem Deus.
    Como bem sabemos, esses erros já estão bem espalhados pelo mundo, conforme bem assinalado pelo Reverendíssimo Pe. David Francisquini.
    Esses erros atingiram também o corpo eclesial.

    Basta olhar para as atitudes dos membros da CNBB que há décadas instrumentalizam a Igreja para a causa marxista. São as estrelas do céu que o grande dragão cor de fogo (comunismo) arrastou com a cauda e as precipitou na terra (Ap 12).

    Como se não bastassem os graves estragos causados pelo clero liberal/progressista, a Igreja também sofre o duro golpe desse clero esquerdista, de modo que não sabemos qual dos dois é o pior. Ambos só pensam e respiram coisas da terra. Não se preocupam nem um pouco com a salvação das almas. Para eles não existe pecado, inferno, diabo, penitência, arrependimento, conversão, santidade, lei moral, enfim, tudo isso está ultrapassado.

    Esse quadro atual muito faz lembrar a situação existente no tempo de Jesus, onde havia de um lado, o partido dos fariseus, e de outro, o partido dos saduceus. Eles eram adversários entre si, mas se uniram para tramar a morte de Jesus, eliminado-o da face da terra.

    Oportuno ressaltar que o desfecho da mensagem de Fátima ainda não ocorreu. Mas caminha a passos largos para esse fim último e trágico.
    Há todo um cenário mundial que aponta para aquela triste cena que a Virgem revelou às crianças:
    “e vimos uma cidade meio em ruínas, um bispo vestido de branco, pareceu-nos ser o santo padre, que, trêmulo, subia uma montanha escabrosa, rezando pelos cadáveres que encontrava pelo caminho. No alto da montanha tinha uma grande cruz feita de troncos toscos, e lá, ao pé da cruz, ele foi morto por um grupo de soldados que lhe dispararam tiros de setas. E depois foram todos mortos, uns após outros, cardeais, bispos, padres, religiosos e religiosas, senhoras e senhores distintos.”
    Tudo isso revela uma cena de guerra civil, prestes a eclodir na Europa, em razão da invasão dos islamitas. Além disso, a OTAN e a Rússia estão em grande tensão, e a guerra parece inevitável.
    Sabemos que alguma coisa de trágico paira no ar, em razão da grande iniquidade que não pára de aumentar. O pior de tudo é o estado deplorável do clero, da Igreja e dos fiéis.
    A grande dúvida consiste em saber quem seria esse tal bispo vestido de branco que parecia ser o Santo Padre.
    Seria o papa emérito Bento XVI, que parece ser o papa, mas não é? ou seria o papa Francisco que é o papa, mas ao mesmo tempo diz que é apenas o bispo de Roma?
    É muito provável que esse tal bispo vestido de branco seja Bento XVI. Talvez seja essa a razão pela qual a providência o tenha mantido recolhido para cumprir essa missão.
    A morte do papa, bispos, padres, religiosos e religiosos seria, portanto, o início da purificação da Igreja.