“O único jornal que entra em nossa clausura”

Madre Maria Letícia da Virgem Misericordiosa, OSSR., Superiora do Mosteiro do Coração Doloroso e Imaculado de Maria, foi uma grande admiradora da revista Catolicismo, por cujos colaboradores, muito especialmente por Plinio Corrêa de Oliveira, bem como pelos membros da TFP, rezava especialmente.

Para defender as irmãs religiosas dos erros espalhados pela grande mídia — geralmente esquerdista e progressista —, ela costumava dizer que Catolicismo era “o único jornal que entra em nossa clausura”.

Falecida há 50 anos, em 2 de maio de 1974, foi “um dos baluartes da defesa da sã doutrina”, como publicamos quando ela entregou sua alma a Deus. Como homenagem, nesse meio século transcorrido, reproduzimos a seguir o comunicado que naqueles idos o Serviço de Imprensa da TFP distribuiu, o qual foi estampado em nossa edição de maio de 1974.

A Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP) tem o pesar de comunicar o falecimento, aos 74 anos de idade, de sua sócia honorária, Revda. Madre Maria Letícia da Virgem Misericordiosa, no século Maria Julieta da Gama Cerqueira.

Descendente de ilustre e tradicional estirpe mineira, a Revda. Madre Letícia consagrou-se desde cedo à vida religiosa, ingressando na Congregação das Servas do Espírito Santo, em Juiz de Fora. Naquela cidade, e depois em Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro, dedicou-se à formação da juventude feminina. Transferiu-se então para o Mosteiro das Irmãs Redentoristas, de vida contemplativa, em Itu. Dessa cidade paulista, dirigiu-se a Belo Horizonte, onde fundou o Mosteiro do Imaculado Coração de Maria, daquela Congregação. Trasladou-se da capital mineira para Diamantina (MG) e, posteriormente, para Campos (RJ). Nessa importante cidade fluminense, a Revda. Madre Letícia fundou o Mosteiro do Coração Doloroso e Imaculado de Maria, no qual foi Superiora até seu falecimento.

Dotada de excepcional inteligência e rara firmeza de vontade, a Revda. Madre Letícia discerniu, desde seus primórdios, a crise progressista que hoje assola a Igreja. Assim, por seus conselhos, seus exemplos, sua extraordinária influência pessoal, constituiu-se, desde logo, num dos baluartes da defesa da sã doutrina.

Principalmente por suas orações e por seus sacrifícios, a Revda. Madre Letícia, dotada de profunda piedade eucarística, devoção a Nossa Senhora e à Santa Igreja, tudo fez para obter da divina clemência que abreviasse a tormenta que hoje se abate sobre o mundo católico. Neste sentido, ofereceu com resignação e constância edificantes os longos padecimentos da moléstia que acabou por vitimá-la.

A Revda. Madre Letícia com a insígnia da TFP, durante visita à sede do Conselho Nacional da entidade, em São Paulo.

A Revda. Madre Letícia foi, desde as primeiras horas, ardorosa simpatizante da TFP, à qual dispensou continuamente o apoio de seus encorajamentos, preces e sacrifícios. Sentindo-se mortalmente doente, pediu que seu corpo fosse inumado em jazigo da entidade.

Os restos mortais da Revda. Madre Letícia foram transportados de avião da cidade de Campos para esta Capital, tendo sido conduzidos, a pedido dela, até à sede social da TFP, à Rua Maranhão, n.° 341, de onde o féretro saiu, com a presença dos diretores, sócios e centenas de militantes, para o Cemitério da Consolação. Junto à sepultura, prestando homenagem à falecida, fez uso da palavra o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP.

A assembleia geral desta entidade atribuiu à Revda. Madre Letícia, post mortem, o título de sócia.

Anteontem e ontem os estandartes da Sociedade estiveram hasteados com tarja negra, em luto pelo falecimento da ilustre e benemérita Religiosa.

Fonte: Revista Catolicismo, Nº 883, Julho/2023