Fazendo um retrospecto não muito distante na História, emerge a figura ímpar, imponente e categórica de um grande Papa, o bem-aventurado Pio IX. Seu aspecto, sua personalidade firme e suas corajosas tomadas de posição perante os erros de sua época nos enchem de enlevo e veneração, sentimentos próprios a nos conduzir pelos caminhos da dedicação.
Mesmo sob os clangores das árduas batalhas que ele teve de travar, Pio IX sempre zelou pela feliz concórdia entre a Igreja e o Estado que, sendo sociedades perfeitas, devem conviver como aliados: a Igreja zelando pela salvação eterna das almas e formando em consequência homens obedientes às leis, e o Estado coadjuvando-a no seu escopo pelo incentivo e pela promoção de tudo quanto favoreça a virtude e, ao mesmo tempo, reprovando e combatendo tudo quanto a ela se opõe.
Infelizmente, pelo estabelecimento do relativismo religioso que estadeia hoje até dentro da própria Igreja Católica, esta passou a ser considerada apenas uma religião entre outras, e não mais a única religião verdadeira instituída e fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo, fora da qual não há salvação. O que, aliás, ela continuará sendo, ainda que o mundo inteiro possa pretender o contrário.
Tal descaracterização se acentuou nas últimas décadas com a liberdade religiosa e o ecumenismo, como também pelo estabelecimento de um pacto com os protestantes que abalou não pouco a fé dos fieis.
Embora impulsionado muitas vezes por autoridades insignes, o colaboracionismo ecumênico chega a ser escandaloso, ao colocar o reluzente diamante que é a Igreja Católica no mesmo patamar das pedras falsas que são as demais igrejas. Vale lembrar aqui a admoestação de São Paulo, quando execrou quem quisesse ensinar um evangelho diferente do pregado por Jesus Cristo, ainda que fosse um anjo do Céu.
Quem agir de forma dúbia, além de violar o princípio dogmático de que a Igreja é o meio necessário para a salvação, põe em risco a própria alma e a dos fiéis. Para bem avaliar esse falso ecumenismo, basta recorrer à literatura de alguns anos atrás, como a do Pe. Júlio Maria e a do jesuíta Pe. Leonel Franca.
Tal estado de espírito colaboracionista pode ser comparado a uma osteoporose religiosa e moral que enfraquece e carcome o edifício monolítico da Igreja. É ainda São Paulo quem, ao orientar Timóteo, prevê tempos em que os homens, não suportando a sã doutrina, contratariam mestres conforme a seus desejos, atraindo assim os aplausos do mundo.
Nesse sentido, o publicitário Alex Periscinotto certa vez foi convidado pela CNBB para ministrar uma reunião aos bispos, a fim de lhes explicar como eles deveriam proceder para se comunicarem eficazmente com os fiéis. Em tempo oportuno me ocuparei de comentar com os leitores essa reunião.
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Pe. David Francisquini é sacerdote da igreja do Imaculado Coração de Maria, Cardoso Moreira – RJ
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