A autodemolição e a fumaça

Fumaca de satanasHá menos de meio século, Paulo VI anunciou que a Igreja estava sendo vítima de um misterioso “processo de autodemolição” (alocução de 7-12-68) e que nela penetrara a “fumaça de Satanás” (alocução de 29-6-72).

Duas graves incógnitas ficaram desde então flutuando pelo espaço, sem maiores esclarecimentos: o que era a autodemolição, e no que consistia a “fumaça de Satanás”.

Essas terríveis afirmações acabaram se dissolvendo nos ares, sem solução nem explicação. Passaram-se os anos e caíram no esquecimento. Mas, para quem estuda o último meio século, elas de repente ganham uma atualidade intrigante. Com efeito, à época em que foram feitas, Plinio Corrêa de Oliveira abriu sobre elas indagações que adquirem hoje uma oportunidade digna de nota, dada a confusão reinante nos assuntos referentes à família. Escreveu ele então na “Folha de S. Paulo” (16-8-78) o artigo intitulado “Clareza”, do qual reproduzo o seguinte parágrafo:

O que o povo quer saber se reduz a esta pergunta principal: Paulo VI anunciou que a Igreja estava sendo vítima de um misterioso ‘processo de autodemolição’ (alocução de 7-12-68) e que nela penetrara a ‘fumaça de Satanás’ (alocução de 29-6-72). O falecido pontífice – ante cujos restos mortais me inclino aqui com a devida veneração – partiu pois para a eternidade com a autodemolição em curso, e a ‘fumaça de Satanás’ em expansão. O que pensará seu sucessor sobre a autodemolição e a fumaça? Como se conduzirá ante uma e outra?”.

Passaram-se vários pontificados, e as questões não foram explicitamente abordadas. Como seria normal, a expectativa, que deveria ir aumentando, se estagnou.

Com a convocação pelo atual Pontífice do Sínodo sobre a Família, em outubro de 2014, vêm à mente essas questões candentes, ainda não resolvidas, e sempre pedindo novas atualizações. Face a elas, desejamos o mesmo que pede o magistral artigo de Plinio Corrêa de Oliveira: saber no que consistia, no que consiste, a autodemolição da Igreja? A fumaça de Satanás continua penetrando no recinto sagrado?

Uma imensa maioria católica, em cujo silêncio se podem discernir traços óbvios de fadiga, angústia e desânimo, deseja de imediato, e antes de tudo, clareza. Repito com Dr. Plinio, referindo-se a esclarecimentos sobre a “autodemolição” da Igreja e a “fumaça”:

“Não é o que o senhor gostaria de saber, leitor? A senhora, leitora? Pois eu também. E como nós, milhares, milhões, centenas de milhões de católicos. E o que há de mais justo, de mais lógico, de mais filial e de mais nobre do que pedirem os filhos da luz, àquele a quem foi dito: ‘Tu és pedra, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja’, pedirem-lhe clareza?”

Pedimos licença para lembrar a esse propósito uma frase do Apóstolo São Paulo: “Se a trombeta só der sons confusos, quem se preparará para a batalha?” (“Etenim si incertam vocem dat tuba, quis parabit se ad bellum?” – 1 Cor. 14,8). Outra razão pela qual um esclarecimento será oportuno, e de grande ajuda.

Um comentário para "A autodemolição e a fumaça"

  1. Maria Olivia Fumis   13 de janeiro de 2015 at 17:52

    Não seria o marxismo-comunismo essa “fumaça” que penetrou na Igreja
    através da “teologia da libertação”?