BALANÇO DA SAFRA 2024

  • Hélio Brambilla

Muitos conhecem a fábula do piloto e do copiloto de um pequeno avião que uma pane forçou a aterrissar no deserto do Saara. Mais endinheirado, pois seu ordenado era bom, o piloto havia comprado uma barra de ouro e a transportava consigo. O copiloto, pessoa mais simples, não dava muita importância ao dinheiro, mas era previdente: levava consigo uma cartela de ovos. Todos já intuem o fim da história… depois de longa caminhada em que a parca ração acabou, quem teria mais possibilidade de subsistir: o piloto ou o copiloto?

Nesse sentido, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes,
na Conferência Internacional “Josué de Castro” sobre Segurança Alimentar e Combate à Fome, uma realização da Prefeitura de São Paulo em parceria com São Paulo Negócios e Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), realizada no Hotel Tivoli Mofarrej, na capital paulista, com a presença de palestrantes dos cinco continentes para discutir a fome no mundo, afirmou: “Desafiamos qualquer avanço tecnológico atual que faça uma máquina que produza um pé de alface”. Ou seja, são importantes as Tecnologias da Informação (TI) e da Automação (TA) e outras inovações, mas são meios e não fins, ou seja, o de produzir comida.

Cá e lá nos deparamos com notícias tratando de um tal país que fabrica produtos eletrônicos requintados, tal outro que é rico em petróleo, outros que possuem minerais raros etc., mas na verdade, todos sucumbiriam se não tivessem comida. Sobre isso é que Brasília ainda não entendeu que temos a chave que abre e ninguém fecha, e que fecha e ninguém abre. O Brasil já é peça-chave da alimentação de 1 bilhão e 500 milhões de pessoas no mundo, mas se insiste em bater todos os dias contra o seu agronegócio.

Plantação de algodão

1) Contrapondo a agricultura familiar ao agronegócio, não vendo que o pequeno produtor só tem sucesso agregado às indústrias processadoras.

2) Apesar de um código florestal mais rigoroso do mundo, em que quase metade do Brasil ficou engessado para a produção agrícola, Brasília ainda continua apertando mais as cravelhas do agronegócio por meio das políticas ambientais.

3) O marco temporal estabelecido pela Constituição de 1988 deixou claro que os indígenas que ocupavam suas terras na data de sua promulgação teriam essas terras demarcadas. Agora tentam suprimir esse dispositivo constitucional, gerando muita insegurança jurídica entre os proprietários.

4) O MST continua com forças diminuídas, mas mesmo assim atacando propriedades de norte a sul.

5) Uma política artificial de pressão sobre preços levou as commodities ao aviltamento dos preços ao produtor, induzindo muitos à falência ou à concordata, pois registraram um aumento de 432% em relação ao mesmo período de 2023. 

6) Os chamados desastres ambientais.

A — No Rio Grande do Sul, a culpa foi atribuída ao agronegócio, quando na verdade os responsáveis foram os governos federal, estadual e municipal. Eles não realizaram a manutenção dos diques, as bombas de esgotamento não funcionaram, houve assoreamento dos rios e construções desordenadas em áreas de risco.

B — Incêndios e queimadas. É preciso distinguir queimadas de incêndios. As primeiras são para efeito de controle de pragas, com fogo controlado, ou para limpeza do roçado para agricultura ou pastagem, também com fogo controlado.

Quanto aos incêndios causados por terroristas, seus autores deveriam ser punidos severamente. A responsabilidade dos órgãos governamentais — na maior parte das vezes alertados pelos climatologistas —, que deveriam se mobilizar e toda a sociedade para uma ação coordenada e vigorosa no combate aos focos.

O Brasil possui uma das maiores frotas de aviões agrícolas do mundo, sem contar as forças armadas, a defesa civil e os proprietários. As usinas de açúcar e os reflorestamentos possuem vasta frota de caminhões transportadores de água.

Se tudo isso fosse mobilizado e sincronizado, teríamos dado exemplo para o mundo de combate às chamas. Pouco ou nada foi feito e a devastação foi uma das maiores de todos os tempos. Ainda assim, foi menor do que a do Canadá e equivalente à da Austrália, que sacrificou mais de três milhões de animais.

7) A reforma tributária, sob o pretexto de reduzir e desburocratizar a arrecadação, representa um golpe para estados e municípios, ao transferir quase toda a receita para a União. Além disso, propõe mais tributação da agropecuária. Até o jurista Ives Gandra manifestou-se contra essa taxação, considerando-a perigosa para a produção agrícola.

Tivemos, sim, contratempos devido ao excesso de chuvas no Rio Grande do Sul e à seca prolongada no Sudeste, Centro-Oeste e Norte, o que reduziu a produção de maneira geral. Mas, para se avaliar o papel da Providência Divina, que nos assiste, o Rio Grande do Sul terá a maior safra de trigo com mais de quatro milhões de toneladas, ultrapassando a do Paraná. Já os grãos deverão ultrapassar 38 milhões de toneladas, sendo a maior safra gaúcha.

Apesar da “chuva de canivetes” na cabeça dos produtores agropecuários, o valor da produção passou de dois trilhões de reais, tendo exportado mais de 160 bilhões de dólares, com superávit de mais de 74,5 bilhões de dólares. Vejamos os destaques da produção:

  • Soja: 160 milhões de toneladas (maior produtor, maior exportador mundial).
  • Milho: 160 milhões de toneladas.
  • ·        Café: 171 milhões e 400 mil sacas (40% da produção do mundo).
  • Açúcar: 45,7 milhões de toneladas (32% da produção mundial).
  • Etanol de cana: 32 bilhões de litros.
  • Etanol de milho: 6 bilhões e 260 milhões de litros.
  • Biodiesel: 7 bilhões e 500 mil litros.
  • De cada 10 copos de suco de laranja no mundo, oito são do Brasil. Na Europa, são nove.
  • Carne bovina: 10,9 milhões e 50 mil toneladas (2º maior produtor e maior exportador).
  • Carne de frango (2º produtor, quase alcançando os EUA, e maior exportador).
  • Carne suína: 5,3 milhões de toneladas (3º exportador mundial).
  • Algodão: 3,7 milhões de toneladas (ultrapassou os EUA. Maior produtor e maior exportador).
  • Celulose: 25 milhões de toneladas (maior exportador e maior produtor do mundo também).

As perspectivas para a produção e comercialização em 2025 são boas, mas as pressões ambientais também aumentaram. Na reunião da COP29 em Baku, no Azerbaijão, e do G20 no Rio foram afirmados e assinados princípios muito nocivos à agropecuária.

O Brasil continua sendo considerado vilão ambiental no mundo, emitindo apenas 3% dos gases poluentes, enquanto a China emite 33% e os Estados Unidos quase 30%, aliás muito pouco propalados. Nossa matriz energética é renovável em 50%, graças ao etanol e ao biodiesel. E na matriz elétrica chega a 88%. Essas matrizes energéticas são consideradas ‘energias limpas’, pois dependem ou de combustíveis renováveis ou de forças da natureza. As tubas governamentais e da mídia em geral estão papagaiando a COP30 de Belém, que será realizada em novembro de 2025.

A COP discutirá a balela do dióxido de carbono (CO2). A atmosfera da Terra é composta de 78% de nitrogênio, 21% de oxigênio, 0,9% de argônio e 0,04% de CO2. Além de tudo, o CO2 não é tóxico ou venenoso, é o gás da vida. As plantas fazem a fotossíntese com CO2. Quanto mais concentração de CO2, maior será o benefício para a Terra e seus habitantes. Páginas 386 e 377 do livro O Aquecimento e as Mudanças Climáticas”: Estão nos enganando?

Em primeiro lugar, a nossa estrutura básica não está preparada para receber os chefes de Estado e as delegações de todo o mundo.

Em segundo, os principais países do mundo não concordam com as proposições que serão apresentadas, mormente os Estados Unidos e a China, os maiores poluidores. Qual é a prova? A prova é que não soltam dinheiro para conter o tão sonhado “efeito estufa”.

O Sr. Biden, ambientalista disfarçado, deu a esmolinha de 50 milhões dólares para o fundo amazônico do Sr. Lula. Essa quantia equivale a um dia da Guerra Israel-Hamas.

Precisamos destacar, neste ano, a ação dos continuadores da luta do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em prol da propriedade privada e da livre iniciativa. Por exemplo, em 2025 a campanha Paz no Campo comemora 20 anos, tendo em seu ativo a divulgação de 12 títulos de livros publicados, com um total 201 mil exemplares, todos defendendo o sagrado direito de propriedade assegurado pela lei natural, pela Lei Divina, os 10 Mandamentos, e a lei positiva, do direito romano.

A referida campanha, coordenada nacionalmente pelo Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança, lançou, por exemplo, novas edições de seu livro Psicose ambientalista, bestseller com mais de 40 mil exemplares de tiragem em português e edições em inglês e espanhol.

Que Deus e Nossa Senhora Aparecida protejam o Brasil e nossos incansáveis heróis do agronegócio contra as investidas de uma esquerda velha, carcomida, obtusa, mas radical.